Preço do ovo sobe quase 20% em março e só deve cair após a Páscoa, dizem produtores

O preço do ovo disparou no Brasil. Segundo o IPCA-15, divulgado nesta quinta-feira, 27, pelo IBGE, o produto subiu 19,44% em março. Desde janeiro, a alta acumulada já chega a 25,88%.

Esse aumento não aconteceu por acaso. De acordo com especialistas, o valor foi puxado por três fatores principais: a alta no custo do milho, o calor excessivo e o aumento do consumo durante a Quaresma.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o aumento da procura nessa época do ano é comum. Muitos brasileiros deixam de comer carne vermelha por motivos religiosos, o que eleva a demanda por ovos. Ainda assim, o aumento veio antes do esperado, segundo o Instituto Ovos Brasil (IOB).

Além disso, a alimentação das galinhas depende quase exclusivamente do milho, que subiu 30% desde julho. As embalagens também ficaram mais caras: segundo a ABPA, o aumento ultrapassou os 100% em oito meses. O clima, por sua vez, também tem prejudicado a produção. O calor forte afeta a saúde das aves e reduz a produtividade.

Produtores acreditam que os preços devem começar a cair após a Páscoa, com o fim da Quaresma. No entanto, o analista Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, faz um alerta. Para ele, o maior problema é o preço das carnes. Como a carne vermelha, de frango e suína estão caras, o ovo continua sendo a opção mais viável para muitos consumidores.

Ou seja, mesmo após o fim do período religioso, o consumo de ovos pode continuar elevado. Isso manteria os preços altos, mesmo que a demanda da Quaresma diminua. Iglesias afirma que a queda pode até acontecer, mas não deve ser significativa.

O consumo de ovos no Brasil, aliás, está em alta. Em 2023, a média foi de 242 unidades por pessoa. Em 2024, subiu para 269. A expectativa para este ano é de 272 ovos per capita, segundo o IOB.

Com os EUA enfrentando escassez por causa da gripe aviária, o Brasil aumentou as exportações de ovos. Porém, esse fator ainda não explica a alta de preços no país.

Segundo a ABPA, as exportações representam menos de 1% das 59 bilhões de unidades produzidas anualmente. Ou seja, a maior pressão sobre os preços vem mesmo do mercado interno, e não das vendas para o exterior.

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