Praticante de highline morre na Chapada dos Veadeiros

O silêncio que ficou no alto da Chapada dos Veadeiros ainda pesa entre os que conheciam Gustavo Guimarães. O praticante de highline, de 29 anos, caiu de uma altura de cerca de 50 metros na Cachoeira da Usina, em Goiás, e morreu ainda no local. A tragédia aconteceu na sexta-feira, 25 e, segundo os bombeiros, ele não estava preso à corda de segurança no momento da queda. A notícia abalou familiares, amigos e esportistas que conviviam com ele.

“Gustavo morreu fazendo o que ama, ainda que a poesia disso paire sobre nossas cabeças como fantasmas”, escreveu sua irmã, Ana Letícia, em uma rede social. Em meio ao luto, ela descreveu a ausência do irmão como um vazio impossível de medir: “Seu espírito se foi livre, mas levando preso consigo nossos corações”.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, a vítima foi encontrada já sem vida na borda do poço da cachoeira. O local, que fica fora da área do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, não tem fiscalização regular. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) confirmou a morte no local. A administração da área onde ocorreu o acidente ainda não foi identificada.

Suspeita de falha no uso do equipamento levanta alerta sobre o High Line

Apesar de estar com o colete de segurança no corpo, Gustavo não havia prendido o sistema de ancoragem à corda principal. A informação foi confirmada pela Associação Internacional de Slackline, que acompanha incidentes graves envolvendo a modalidade. Segundo o delegado Rafael Rossi, a hipótese mais provável é que o atleta tenha se esquecido de conectar o equipamento ou que o sistema tenha se soltado durante o retorno.

O highline é uma variação do slackline praticada em grandes alturas. Embora o uso de equipamentos de segurança seja obrigatório, a associação afirma que a principal causa de mortes nesse esporte é justamente a falha humana ao deixar de prender corretamente a corda à cinta principal. A investigação deve apurar se houve falha técnica, erro de procedimento ou negligência.

Gustavo já havia cruzado a linha quando caiu. Conforme o relato de turistas que estavam no local, ele fazia o caminho de volta quando perdeu o equilíbrio. Ainda tentou se segurar na fita, mas não conseguiu. Amigos disseram que ele costumava ser cuidadoso e experiente, o que torna o acidente ainda mais difícil de assimilar.

Comunidade esportiva presta homenagens ao atleta

Reconhecido como referência no highline brasileiro, Gustavo era uma figura ativa na promoção do esporte. Atuava como montador, monitor e entusiasta das práticas ao ar livre. Além disso, participou de diversos eventos e projetos que incentivaram o acesso à modalidade em diferentes regiões do país.

A comoção após sua morte foi imediata. Atletas e praticantes de slackline de todo o Brasil prestaram homenagens nas redes sociais, destacando sua generosidade, dedicação e paixão. Segundo a associação internacional, ele inspirava novos praticantes e sempre reforçava a importância do uso correto dos equipamentos.

Embora a tragédia tenha chocado a comunidade, ela também reacendeu o debate sobre os riscos da prática e a necessidade de medidas mais rígidas de segurança, especialmente em locais de difícil acesso e fora de áreas regulamentadas.