A investigação da Polícia Federal sobre a morte de Vinicius Gritzbach, ocorrida em novembro de 2024 no aeroporto de Guarulhos, revelou detalhes das declarações dos policiais civis presos no caso. Acusados de envolvimento com corrupção, lavagem de dinheiro e crime organizado, os agentes negam participação no assassinato e fazem duras críticas ao delator.
Nos depoimentos, os agentes presos descreveram Gritzbach como “astuto”, “perigoso” e “psicopata”. O investigador Marcelo Marques de Souza, conhecido como Bombom, afirmou que nunca teve contato com a vítima. “Ele era um mauricinho, não falava com qualquer um”, disse.
Bombom, que recebia R$ 12 mil mensais como investigador especial, teve movimentações financeiras suspeitas de R$ 34 milhões identificadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Durante a operação da PF, foram encontrados R$ 680 mil em dinheiro vivo em sua residência. Ele alegou que parte do valor pertencia a um amigo empresário e outra parte à sogra.
A PF também encontrou uma planilha com 93 nomes, supostamente ligada a um esquema de extorsão contra comerciantes. A defesa do investigador afirma que o documento fazia parte de uma investigação oficial e nega qualquer ilegalidade.
Acusações e defesa
Outro investigado, o policial Eduardo Monteiro, era apontado por Gritzbach como intermediador de um suposto acordo entre a polícia e o PCC. O delator afirmou que, após sua prisão, Monteiro tentou negociar sua situação com a facção criminosa. O agente negou a acusação e chamou Gritzbach de “mentiroso” e “psicopata”.
Já o delegado Fábio Baena, apontado como líder do esquema, teria exigido R$ 30 milhões para livrar Gritzbach de um processo por homicídio. Em seu depoimento, Baena negou qualquer envolvimento e disse que foi ameaçado pelo delator. “Eu caí em uma armadilha. Ele roubou e mandou matar membros do PCC. O que ele faria comigo?”, questionou.
Outro preso, Rogério de Almeida Felício, conhecido como Rogerinho, foi acusado por Gritzbach de roubar relógios de luxo durante uma operação. Ele alegou que comprou apenas réplicas e que o único modelo original foi presente de um cantor sertanejo para quem fazia segurança.
Andamento da investigação contra PCC
A Polícia Civil já prendeu 26 pessoas suspeitas de envolvimento no caso, sendo 22 policiais. Entre os detidos estão o cabo Denis Martins e o soldado Juan Silva Rodrigues, apontados como os atiradores, além do tenente Fernando Genauro, suspeito de dirigir o carro usado no crime.
As defesas dos policiais afirmam que as prisões são “ilegais” e “arbitrárias”, enquanto a PF continua apurando o caso para identificar todos os envolvidos na execução de Gritzbach.