A Polícia Civil do Rio de Janeiro identificou uma ligação surpreendente entre a facção Comando Vermelho e Mohamed Ahmed Elsayed Ahmed Ibrahim, um egípcio que já esteve na lista de procurados do FBI por supostos vínculos com a Al-Qaeda. De acordo com os investigadores, Mohamed teria atuado como operador financeiro, ajudando a lavar dinheiro para o CV por meio de empresas de fachada e transações informais.
Mohamed é um dos nomes que surgiram durante a apuração do esquema que movimentou cerca de R$ 250 milhões e que levou à operação realizada nesta terça-feira, 3. Embora não seja alvo direto da ação, seu envolvimento com uma das empresas investigadas chamou a atenção da Polícia Civil. Segundo o delegado Felipe Curi, secretário da corporação, a participação dele evidencia a complexidade e o alcance internacional da estrutura criminosa.
O egípcio já foi alvo de uma investigação do FBI, sob suspeita de facilitar transações financeiras em nome da Al-Qaeda. Seu nome foi retirado da lista de foragidos da agência norte-americana em 2019, após ele ser interrogado em São Paulo por agentes dos EUA. À época, ele negou envolvimento com o terrorismo, afirmando que sua inclusão na lista ocorreu por razões políticas ligadas ao regime egípcio.
O elo entre o tráfico e a narcocultura digital
A operação também mirou Vivi Noronha, influenciadora digital e esposa do funkeiro Poze do Rodo. De acordo com as autoridades, ela teria recebido quase R$ 1 milhão de pessoas apontadas como laranjas de Fhillip Gregório, o “Professor”, líder do Comando Vermelho e pivô do esquema de lavagem. O traficante morreu no domingo (1º), em circunstâncias ainda investigadas.
Depósitos em nome de Vivi e de sua empresa foram detectados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). As investigações apontam que ela se tornou uma peça simbólica na engrenagem do crime ao dar aparência de legalidade aos valores ilegais, reforçando a presença da narcocultura nas redes sociais.
A Polícia Civil do RJ afirma que, mesmo após a morte de “Professor”, o inquérito segue com base em provas documentais e financeiras. A operação incluiu mandados de busca no Rio e em São Paulo, além do bloqueio de 35 contas bancárias. A defesa de Vivi ainda não se pronunciou oficialmente.