Polícia conclui que Deise envenenou e matou quatro pessoas com arsênio no RS

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

Investigação revelou que a suspeita foi responsável pelas mortes de familiares em Torres, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Como Deise Moura dos Anjos faleceu enquanto estava presa, não houve indiciamento devido à extinção da punibilidade.

A Polícia Civil encerrou nesta sexta-feira, 21, o inquérito sobre o caso de envenenamento que resultou na morte de quatro pessoas em Torres, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. De acordo com a investigação, três vítimas faleceram em dezembro de 2024 após consumirem um bolo contaminado com arsênio, enquanto um outro familiar morreu três meses antes ao ingerir bananas e leite em pó envenenados, supostamente entregues por Deise Moura dos Anjos, apontada como a responsável pelos crimes.

Os inquéritos somam mais de mil páginas, sendo cerca de 400 dedicadas ao caso do sogro da suspeita. As autoridades concluíram que Deise cometeu quatro homicídios triplamente qualificados, caracterizados por motivo fútil, emprego de veneno e dissimulação.

Presidente da Polícia Civil, o delegado Fernando Sodré afirmou que Deise foi a única responsável pelos crimes. No entanto, como a suspeita morreu na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba em janeiro deste ano, não houve indiciamento. O Ministério Público deverá solicitar o arquivamento do caso, seguindo a legislação penal.

“Ela é a única autora desse fato criminoso. E por isso, em razão do seu falecimento, levou à extinção da punibilidade”, declarou Sodré.

Hipótese de perturbação mental

A investigação descartou a possibilidade de motivação financeira para os assassinatos. Segundo a delegada regional do Litoral Norte, Sabrina Deffente, o principal indício é que Deise sofria de uma grave perturbação mental.

“A única conclusão que chegamos é que ela tinha uma grave perturbação mental. Até se cogitou motivação financeira, mas, quando descobrimos que tentou matar marido e filho, essa hipótese foi descartada”, explicou a delegada.

As autoridades ainda investigam como Deise conseguiu adquirir arsênio, uma substância cujo comércio é rigidamente regulamentado no Brasil. O Instituto-Geral de Perícias (IGP) informou que a compra do veneno exige apresentação de documentos e justificativa para o uso.

Durante a apresentação do caso, a polícia divulgou um recibo que comprova que a suspeita adquiriu arsênio antes dos crimes.

Mensagens escritas na prisão

A polícia também revelou trechos de cartas escritas por Deise enquanto estava presa. Em uma das mensagens, a suspeita expressa ressentimento contra sua sogra, Zeli dos Anjos.

“Obrigada por esses 20 anos em que fez da minha vida de casada um inferno. Mais uma vez eu sou a vilã e você a mocinha”, escreveu Deise em um dos bilhetes encontrados na cela.

Relembrando o caso

O crime ocorreu dias antes do Natal, quando sete pessoas da mesma família se reuniram para um café da tarde em Torres. Logo após comerem o bolo, três mulheres começaram a passar mal e faleceram: Maida Berenice Flores da Silva, Neuza Denize Silva dos Anjos e Tatiana Denize Silva dos Anjos, filha de Neuza.

A principal sobrevivente do caso foi Zeli dos Anjos, sogra de Deise, que preparou o bolo na cidade vizinha de Arroio do Sal e o levou para a reunião familiar. A polícia acredita que Zeli era o verdadeiro alvo do envenenamento.

Além dela, uma criança de 10 anos também comeu o bolo, mas sobreviveu e já recebeu alta hospitalar.