O Partido Liberal (PL) está financiando quase integralmente as campanhas dos membros da família Bolsonaro que disputam as eleições municipais deste ano. O ex-presidente Jair Bolsonaro, embora tenha feito uma doação pessoal limitada, é um dos grandes apoiadores financeiros das campanhas de seus filhos e do irmão.
Financiamento da Campanha
O ex-presidente Jair Bolsonaro contribuiu com apenas R$ 1.000 para a campanha de seu filho Carlos Bolsonaro, conhecido como “02”, que busca a reeleição como vereador no Rio de Janeiro. No entanto, o PL, que detém a maior parte do fundo eleitoral de 2024 (R$ 888 milhões), destinou R$ 1,8 milhão para Carlos, correspondendo a 89% do limite de gastos permitido para candidatos a vereador na cidade. Além disso, Carlos recebeu uma doação de R$ 7.692,30 por serviços prestados, totalizando seu montante arrecadado.
O quarto filho do ex-presidente, Jair Renan Bolsonaro, também está recebendo considerável apoio financeiro. O PL alocou R$ 135,1 mil para sua campanha em Balneário Camboriú, representando 91% do limite de arrecadação para candidatos a vereador na cidade. Apesar da significativa contribuição do partido, Jair Renan não recebeu doações pessoais do pai, conforme os registros da Justiça Eleitoral. Em março, Jair Renan justificou sua candidatura em Santa Catarina por considerar a população local mais “trabalhadora e honesta” em comparação ao Rio de Janeiro.
Renato Bolsonaro, irmão de Jair, é candidato a prefeito em Registro, São Paulo. Ele recebeu R$ 391,6 mil do PL, o que representa 89% do limite de arrecadação permitido para a sua campanha. Além do financiamento do partido, Renato contribuiu com R$ 4.840 para a própria campanha.
Fundo eleitoral e contexto
O PL lidera o financiamento de campanhas neste ano, seguido pelo PT com R$ 619 milhões, União Brasil com R$ 538 milhões, e outros partidos como PSD, PP e MDB. O fundo eleitoral totalizou R$ 4,96 bilhões para as eleições municipais de 2024, um recorde para os pleitos nas cidades. Esse valor é distribuído com base em critérios estabelecidos pela legislação eleitoral, como o tamanho das bancadas na Câmara e no Senado.
Antes de 2015, as campanhas eram majoritariamente financiadas por doações empresariais, mas o STF proibiu essa prática alegando que ela desequilibrava o jogo democrático. Desde então, o fundo eleitoral, composto por recursos públicos, passou a ser a principal fonte de financiamento para campanhas. Em 2020, o fundo eleitoral foi de R$ 2 bilhões.
As campanhas da família Bolsonaro ilustram como o financiamento partidário pode influenciar as eleições municipais e destacam a importância do fundo eleitoral na atual estrutura de financiamento político.