PF reconstrói passo a passo o vazamento que antecedeu a prisão de TH Joias

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

A Polícia Federal reconstruiu, minuto a minuto, as ações que antecederam a prisão do ex-deputado estadual TH Joias. A cronologia liga o então presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, e o desembargador federal Macário Ramos Júdice Neto ao vazamento de informações sigilosas da Operação Zargun.

O roteiro aparece na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que autorizou a prisão preventiva do magistrado. Segundo a PF, o fluxo de mensagens e encontros permitiu que o investigado reagisse antes da chegada dos agentes.

Com isso, TH Joias teria adotado medidas para dificultar o cumprimento dos mandados. Entre elas, a retirada de objetos da residência e a troca de aparelhos telefônicos. Para os investigadores, houve tentativa clara de obstrução.

O que ocorreu na véspera da operação

De acordo com a decisão, o ponto inicial ocorreu na manhã de 2 de setembro de 2025. Às 10h49, a Polícia Federal avisou a assessoria do desembargador que os mandados seriam cumpridos no dia seguinte. Macário era relator de um procedimento ligado ao caso.

Pouco depois, um assessor respondeu que falaria imediatamente com o magistrado. Ainda naquela manhã, Bacellar afirmou em depoimento que comentou com TH Joias sobre a possibilidade de uma operação policial.

À noite, o comportamento do ex-deputado mudou. Ele retirou pertences da casa, criou um novo Apple ID e passou a usar outro celular. Ao mesmo tempo, intensificou contatos com aliados próximos.

Por volta das 21h, Bacellar avisou TH Joias sobre a operação enquanto jantava com o desembargador em uma churrascaria no Aterro do Flamengo. Mensagens enviadas minutos depois confirmaram que os dois estavam juntos.

Para a PF, esse encontro é central. A rapidez das orientações repassadas ao investigado reforça a suspeita de vazamento deliberado.

A decisão também destaca mensagens trocadas entre Bacellar e Macário. O conteúdo indica proximidade pessoal, confiança e troca de favores. Para os investigadores, a relação extrapolava o campo institucional.

Além disso, a PF aponta que o desembargador tentou atuar como interlocutor político em uma crise envolvendo Bacellar e o governador Cláudio Castro. Esse papel, segundo a investigação, comprometeu a imparcialidade esperada de um magistrado.

Em nota, a defesa de Macário afirmou que Alexandre de Moraes foi induzido a erro ao decretar a prisão. Os advogados dizem não ter acesso integral à decisão. A defesa informou que pedirá a revogação da medida.