PF investiga bancários em nova etapa de operação sobre desvio de FGTS de jogadores e treinadores

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

A PF abriu, nesta quinta-feira, a terceira fase da Operação Fake Agents, que apura desvios do FGTS de jogadores, ex-jogadores e treinadores de futebol no Rio de Janeiro. A ofensiva agora chegou a funcionários e ex-funcionários da Caixa Econômica Federal. Segundo as investigações, eles teriam ajudado a liberar valores de forma irregular, permitindo que contas fossem abertas ou movimentadas sem autorização dos titulares.

A investigação ganhou força meses atrás, quando atletas e dirigentes relataram prejuízos elevados. Entre eles estavam nomes conhecidos do futebol nacional e internacional. A Polícia Federal afirma que o esquema envolveu quantias que se aproximam de sete milhões de reais.

O caso veio à tona após um banco privado observar movimentações atípicas e acionar as autoridades. Esse alerta levou à identificação de documentos falsos usados para abrir uma conta destinada a receber depósitos do FGTS de Paolo Guerrero. Só nessa situação, o prejuízo estimado superou dois milhões.

A PF aponta que a advogada Joana Costa Prado Oliveira tinha papel central na engrenagem. Em alguns casos, ela atuava como representante legal de jogadores e técnicos em disputas trabalhistas.

Nessas situações, recebia valores devidos e, segundo os relatos, informava aos clientes que a liberação ainda não havia ocorrido.

O treinador Oswaldo de Oliveira afirmou que não recebeu mais de três milhões referentes a processos contra Corinthians e Fluminense. Os investigadores destacam que Joana assinou um acordo, em 2024, reconhecendo que reteve valores e prometeu devolvê-los. Os repasses, porém, não ocorreram, segundo o técnico.

Em outra frente, os agentes afirmam que documentos e dados de atletas com os quais ela não tinha relação profissional foram usados para abrir contas ou realizar saques indevidos. A suspeita é de que o apoio de funcionários da Caixa tenha facilitado o acesso a sistemas internos e permitido que a operação ocorresse sem chamar atenção. Essa etapa, segundo a PF, foi essencial para manter o fluxo de dinheiro entre 2022 e 2024.

A proximidade de Joana com o ambiente esportivo também entrou no radar. Ela trabalhou por mais de uma década no Botafogo e fez parte do Tribunal de Justiça Desportiva do Rio, o que lhe garantia circulação constante entre atletas, dirigentes e advogados do setor.

Para a Polícia Federal, esse histórico ajudou a construir uma rede de confiança usada para obter documentos e abrir espaço para as irregularidades. A estimativa atual é de que o esquema tenha movimentado ao menos sete milhões e setecentos mil reais.

A defesa da advogada afirma que ela não é alvo desta etapa da operação e que tem colaborado desde o início. Também sustenta que foi ela quem denunciou o esquema à PF em 2022. Segundo sua versão, a trama teria sido articulada por terceiros, e Joana hoje se considera vítima. A equipe jurídica sustenta ainda que a suspensão da sua carteira pela OAB ocorreu em meio ao avanço das investigações e que ela aguarda o desfecho para “repor a verdade”.

A Caixa declarou que trabalha ao lado da Polícia Federal para identificar fragilidades e reforçar mecanismos de segurança.

O banco disse que atua com equipes especializadas para bloquear transações suspeitas, recuperar valores e evitar fraudes. Também afirmou que todos os casos confirmados resultam em restituição aos clientes.

As apurações continuam com análise de novas mensagens, documentos e sistemas internos. A PF não descarta ampliar a investigação para outros estados, já que alguns atletas lesados atuaram em diferentes clubes do país.