Cafés da manhã dignos de hotel, almoços coloridos e jantares cheios de aromas. Essa rotina, antes restrita a celebridades, agora faz parte da vida de famílias e profissionais que contratam personal chefs — cozinheiros particulares que criam menus personalizados e cuidam de toda a experiência gastronômica.
O serviço vem ganhando espaço nas grandes cidades. Os profissionais são responsáveis desde a compra dos insumos até a limpeza da cozinha após o preparo. A profissão não exige diploma, mas requer técnica, criatividade e experiência.
Segundo Zenir Dalla Costa, do Senac, o personal chef se diferencia pelo atendimento personalizado. “É um trabalho íntimo e exclusivo. Cada cardápio é feito para uma rotina específica, com respeito às preferências e restrições do cliente”, explica.
Profissão em alta e histórias de sucesso
A paulistana Bianca Folla é um exemplo. Ela deixou o Direito para viver da gastronomia. Começou cozinhando para amigos e hoje lidera uma equipe de oito pessoas em São Paulo. Seu faturamento chega a R$ 50 mil mensais.
Bianca oferece três tipos de serviço: buffets intimistas, marmitas gourmet e o “Day Cook”, uma diária personalizada. Os valores variam de R$ 900 a R$ 3.500, dependendo do formato. “Sou empresária da minha carreira. Cozinho, gerencio e divulgo o meu trabalho. É empreender com o que amo”, resume.
No Nordeste, o mercado também cresce. A recifense Lívia Moura, de 26 anos, é formada em gastronomia e técnica em nutrição. Atende famílias e eventos pequenos, com faturamento médio de R$ 25 mil. “A gente faz o próprio horário e transforma a cozinha em liberdade”, diz.
Lívia leva seus próprios utensílios e até câmera de segurança para registrar o trabalho. Segundo ela, ainda há poucos profissionais atuando na região. “No interior, praticamente não existe. É um mercado enorme e inexplorado”, afirma.
Ambas destacam que o segredo está na confiança, na apresentação impecável e na escuta ativa do cliente. “O personal chef deve entender a rotina da família e transformar a refeição em prazer”, afirma Bianca.
Como entrar no mercado
Especialistas afirmam que o ponto de partida é dominar técnicas básicas de cozinha e oferecer pequenos serviços a conhecidos. Com o tempo, o portfólio se forma. “Quem ama cozinhar pode começar sem grandes investimentos. O essencial é ter planejamento, higiene e profissionalismo”, orienta Zenir Dalla Costa.
Ter clareza sobre o modelo de serviço também ajuda. Cardápios, frequência dos atendimentos, precificação e logística devem estar definidos antes do primeiro cliente. A professora Paula Sauer, da ESPM, reforça que o personal chef é, antes de tudo, um empreendedor. “Ele vende confiança, experiência e bem-estar, não apenas comida”, diz.
Para se destacar, os profissionais apostam em redes sociais, parcerias com nutricionistas e academias, além de marketing boca a boca. Mostrar bastidores e histórias por trás dos pratos também ajuda a criar identificação.
O futuro da profissão é promissor. A busca por alimentação saudável, jantares intimistas e experiências exclusivas deve impulsionar ainda mais o mercado. “O segredo é unir técnica, sensibilidade e visão de negócio. Quem faz isso conquista espaço e fideliza clientes”, conclui Zenir.
