A região da Patagônia, no extremo sul da América do Sul, está enfrentando um dos invernos mais severos dos últimos tempos, com temperaturas atingindo impressionantes -15°C. Esse frio intenso trouxe consequências drásticas, como patos congelados em lagoas e ovelhas presas em montes de neve. A situação é tão crítica que as autoridades militares tiveram que intervir, fornecendo alimentos tanto para os animais quanto para os habitantes locais, conforme relatado pela Deutsche Welle.
Ondas de frio e respostas das autoridades
Raúl Cordero, climatologista da Universidade de Santiago do Chile, afirmou à DW que este fenômeno é extremamente raro e que as temperaturas extremas devem continuar ao longo do inverno. Em julho, a região enfrentou a segunda onda de frio em um intervalo de apenas três meses. O Serviço Meteorológico Nacional da Argentina (SMN) emitiu um alerta amarelo, indicando riscos de danos e interrupções nas atividades diárias.
O frio extremo é causado pela chegada de ar polar da Antártida, que ocorre quando o vórtice polar, uma massa de ar que circula no Polo Sul, enfraquece e permite que o ar frio se desloque para o norte. Cordero explicou que “a fraqueza incomum do vórtice polar antártico aumenta a probabilidade de que as massas de ar polar escapem para as áreas habitadas do hemisfério sul”.
Impactos das mudanças climáticas
Essas ondas de frio são vistas por muitos cientistas como um reflexo das mudanças climáticas globais. A variação do vórtice polar, em conjunto com o aquecimento do Ártico, contribui para essas anomalias climáticas. Embora essas ondas de frio não alterem a tendência geral de aquecimento global, elas podem ter impactos locais significativos, como a redução temporária da perda de gelo nos campos de gelo da Patagônia.
A comunidade científica, no entanto, está dividida quanto à relação entre mudanças climáticas e ondas de frio. Alguns estudos indicam que o aquecimento do Ártico está ligado a invernos mais severos em latitudes médias. Em contrapartida, especialistas como James Screen, professor de climatologia da Universidade de Exeter, argumentam que esses extremos são parte da variabilidade natural e não estão diretamente relacionados ao aquecimento global.
Perspectivas futuras
O consenso entre os cientistas é que, apesar das ondas de frio extremas ocasionais, a tendência predominante é de aquecimento global.
“Na maior parte do mundo, os efeitos de aquecimento da mudança climática superarão qualquer eventual efeito de resfriamento causado pela mudança nos padrões climáticos devido ao aquecimento do Ártico”, afirma Screen.
A situação na Patagônia serve como um lembrete das complexas interações entre variabilidades climáticas naturais e mudanças climáticas globais. Isso sublinha a importância de continuar monitorando e entendendo esses fenômenos para mitigar seus impactos e adaptar as estratégias de resposta.