Remberto Suárez Roca, boliviano, chegou ao Brasil em 2014 e iniciou suas apresentações artísticas enquanto confeccionava perucas. Dividindo o mesmo espaço, mas nunca aparecendo juntos, Remberto e sua alter ego drag queen, Florência, encontram um equilíbrio peculiar.
Nascido em 1987, em Trinidad, Bolívia, Remberto cresceu em uma comunidade andina tradicional e patriarcal. Sua vida mudou ao assumir sua homossexualidade, o que o levou a deixar sua terra natal em busca de melhores oportunidades no Brasil.
Em São Paulo, a jornada de Remberto começou com dificuldades. Após ser enganado por um empregador, ele passou a ganhar R$ 500 costurando perucas. Contudo, sua criatividade floresceu. Utilizando as perucas mais extravagantes, ele se transformou em Florência, a chola — uma figura tradicional boliviana com vestimentas características, como chapéus e polleras.
Florência, com sua presença vibrante e personalidade alegre, tornou-se um meio para Remberto abordar e discutir os desafios enfrentados pelos imigrantes LGBTQIA+. Em suas performances, ele mistura versos e prosas em portunhol, destacando a importância da diversidade e da liberdade no Brasil.
“Quero dar um grito de diversidade e exaltar que o Brasil é um país livre”, afirma Remberto. “Livre, principalmente para aqueles rejeitados em sua terra”.
Remberto observa que, entre os imigrantes em São Paulo, as discussões sobre direitos LGBTQIA+ são frequentemente evitadas devido a traumas passados. “Muitos ativistas que chegam ao Brasil sofreram perseguição em seus países de origem e preferem evitar o tema”, explica.
Atuando como um dos poucos bolivianos na capital paulista a defender abertamente os direitos LGBTQIA+, Remberto se sente acolhido por sua comunidade nas apresentações como Florência.
“Sinto que estou mudando um pouco as pessoas a cada apresentação, deixando elas mais abertas”, diz. “O povo da Bolívia é muito fechado, mas precisa entender que o Brasil é diferente.”
Além de sua luta pela diversidade, Remberto também é um militante pelo direito à moradia para imigrantes. Em 2021, ele ajudou a fundar a Ocupação Jean-Jacques Dessalines, na Liberdade, em São Paulo. O espaço abriga famílias de diversas nacionalidades, unidas por histórias de despejos e dificuldades financeiras exacerbadas pela pandemia de Covid-19.
Remberto recebeu a reportagem da Folha na ocupação para compartilhar sua história. Entre conversas, trocas de roupa e olhadas no espelho, Florência surgiu, refletindo o orgulho e a determinação de Remberto em promover a mudança.
Hoje, a fábrica de perucas onde tudo começou já não existe mais. Remberto encontrou nova ocupação como cuidador de idosos, recebendo pouco mais de um salário mínimo. Contudo, sua missão de combater o preconceito e promover a diversidade continua viva através de Florência.
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