Operação que desmonta esquema clandestino expõe vida de luxo de médicos envolvidos em venda irregular de substâncias para emagrecimento

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

A Polícia Federal revelou novos detalhes sobre um esquema clandestino de substâncias usadas em canetas emagrecedoras. A operação mostrou uma estrutura que incluía clínicas de alto padrão, um laboratório sem controle sanitário e até uma ilha particular utilizada para treinamentos. Avanço das apurações indica que a rede movimentava grandes volumes de produtos manipulados fora das regras da Anvisa.

O médico que virou referência nas redes e entrou na mira da PF

O nome mais citado pela polícia é o do médico baiano Gabriel Almeida. Ele acumulou centenas de milhares de seguidores ao divulgar conteúdos sobre obesidade e protocolos de emagrecimento. Essa exposição o levou a abrir clínicas em áreas nobres e a adotar deslocamentos de jatinho, o que chamou ainda mais atenção.

Apesar disso, a substância mais usada por ele, a tirzepatida, deveria seguir normas rígidas. Embora a manipulação seja permitida em casos específicos, os investigadores afirmam que nada disso ocorria. Segundo a PF, havia produção em larga escala, sem identificação de pacientes e sem controle de origem. Como resultado, milhares de frascos foram encontrados no laboratório Unikka Pharma, na zona sul de São Paulo.

Além da tirzepatida, os agentes localizaram anabolizantes, implantes hormonais e outras substâncias. Tudo estava armazenado de forma irregular, o que reforça a suspeita de fabricação industrial. A polícia ainda apura se médicos ligados ao esquema tinham participação oculta no laboratório. Eles negam esse envolvimento e afirmam ser apenas consumidores autorizados.

Enquanto isso, outro ponto da investigação surgiu: a ilha de Carapituba, na Baía de Todos os Santos. O espaço teria sido usado para treinamentos presenciais, onde profissionais do país inteiro recebiam orientações sobre o chamado “Protocolo de Emagrecimento”. Para a PF, a ilha funcionava como vitrine do método e ponto de encontro para ampliar a rede de vendas.

O delegado Fabrízio Galli afirmou que a estrutura ajudava a dar aparência de exclusividade ao esquema. Consequentemente, tornava os cursos mais atrativos e ampliava o alcance dos envolvidos.

Em nota, a defesa de Gabriel Almeida disse que ele nunca produziu medicamentos e não tem vínculo com a Unikka. A empresa também negou fabricar substâncias irregulares e declarou atender apenas médicos habilitados. Já a Anvisa informou que auxiliou na classificação dos produtos apreendidos, mas que detalhes do caso continuam sob sigilo judicial.

A PF segue analisando documentos, movimentações financeiras e mensagens apreendidas. O objetivo é definir se haverá denúncias por crimes como falsificação, associação criminosa e lavagem de dinheiro. O volume de provas indica que o esquema operava de forma ampla e lucrativa.