A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu quatro pessoas nesta quarta-feira, 22 de janeiro, durante a Operação Carne Fraca, que investiga um esquema de adulteração e revenda de carne imprópria para consumo. O grupo é acusado de comprar e distribuir carne que ficou submersa na enchente histórica de Porto Alegre, ocorrida em 2024. Entre os presos está um dos proprietários da empresa investigada, Almir Jorge Luís da Silva.
Segundo as investigações da Delegacia do Consumidor, a empresa Tem Di Tudo Salvados, com sede em Três Rios, no Sul Fluminense, adquiriu 800 toneladas de carne bovina, suína e de aves deterioradas de um frigorífico de Porto Alegre. A companhia, que tem autorização para reaproveitar produtos vencidos e transformá-los em ração animal, alegou que esse seria o destino da carga. No entanto, o produto foi maquiado para disfarçar os sinais de deterioração causados pelo contato com lama e água da enchente e, posteriormente, distribuído para açougues e mercados em diversas partes do Brasil.
O delegado Wellington Vieira explicou que pacotes de carne contaminada foram vendidos sem que muitos compradores soubessem da real procedência. As investigações revelaram que 32 carretas transportaram a carga para diferentes estados, aumentando a preocupação sobre a extensão do problema e os impactos na saúde pública.
Operação Carne Fraca e apreensões
Na manhã desta quarta-feira, agentes da Polícia Civil cumpriram oito mandados de busca e apreensão na sede da Tem Di Tudo Salvados e em endereços ligados aos sócios. Durante a ação, foram encontrados diversos pacotes de carne armazenados em condições impróprias para consumo. Além disso, os policiais apreenderam documentos que podem comprovar a fraude e ajudar a identificar outros envolvidos no esquema.
Quatro pessoas foram presas em flagrante por vender e armazenar mercadorias impróprias para o consumo. A polícia acredita que mais pessoas possam estar envolvidas na operação ilegal e pretende aprofundar as investigações nos próximos dias.
Lucro exorbitante com carne imprópria
A Polícia Civil descobriu que a Tem Di Tudo Salvados lucrou significativamente com o esquema. De acordo com as notas fiscais apreendidas, a carne de qualidade estava avaliada em cerca de cinco milhões de reais, mas as 800 toneladas de carne estragada foram compradas pela empresa por apenas oitenta mil reais. Isso significa que a companhia obteve um lucro de aproximadamente mil por cento sobre os produtos adulterados.
As autoridades afirmam que os investigados podem responder pelos crimes de associação criminosa, receptação, adulteração e corrupção de alimentos. Além disso, a Operação Carne Fraca tem alcance nacional, e a polícia pretende rastrear todos os pontos de distribuição da carne contaminada para impedir que o produto continue sendo comercializado e consumido.
As investigações continuam e a Polícia Civil alerta os consumidores a ficarem atentos à procedência dos alimentos adquiridos. O caso também levanta preocupações sobre a fiscalização da venda de produtos de origem animal e a necessidade de maior controle para evitar que casos semelhantes voltem a acontecer.