O recente acidente aéreo em Vinhedo, interior de São Paulo, que resultou na morte de 62 pessoas, trouxe à tona a importância das caixas-pretas na investigação de tragédias aéreas. Recuperadas pelo Centro de Prevenção e Investigação de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), essas unidades são fundamentais para esclarecer as causas do acidente e, assim, ajudar a prevenir novos desastres.
Composição e funcionamento das caixas-pretas
Embora sejam conhecidas como caixas-pretas, esses dispositivos são, na verdade, de um vibrante tom laranja, o que facilita sua localização após um acidente. Projetadas para resistir a condições extremas, as caixas-pretas são feitas de uma combinação de titânio e aço inoxidável, o que garante sua durabilidade em situações de impacto severo.
Cada caixa-preta pesa cerca de 4,5 kg e possui quatro componentes principais:
- Chassi: Protege o dispositivo e facilita a gravação e reprodução dos dados.
- Farol Localizador Subaquático: Auxilia na localização das caixas em casos de acidentes aquáticos.
- Carcaça do Núcleo: Feita de aço inoxidável ou titânio, abriga a unidade de memória.
- Unidade de Memória: Armazena as gravações, geralmente em chips, que capturam dados vitais do voo.
Existem dois gravadores principais: o Gravador de Voz da Cabine (CVR), que registra as conversas e sons no cockpit, e o Gravador de Dados de Voo (FDR), que monitora parâmetros como altitude, velocidade e direção.
O Processo de investigação após o resgate
Uma vez recuperadas, as caixas-pretas passam por um processo rigoroso de análise:
- Limpeza e Preparação: Técnicos removem o material de proteção e limpam as conexões para evitar a perda de dados.
- Transferência e Decodificação: Os dados são transferidos para uma plataforma segura e decodificados, permitindo que os investigadores analisem as informações.
- Análise de Áudio e Dados: Sons capturados são examinados para identificar anomalias que possam ter contribuído para o acidente, como falhas ou explosões.
Histórico e importância das caixas-pretas na aviação
As caixas-pretas têm uma história que remonta à Segunda Guerra Mundial, quando a análise de acidentes aéreos começou a se tornar uma prioridade. A necessidade de compreender os fatores que levam a desastres aéreos levou à criação desses dispositivos, que evoluíram ao longo do tempo para garantir a segurança dos voos. Um exemplo notável é o caso do voo 447 da Air France, cujas caixas-pretas foram localizadas quase dois anos após o acidente, permitindo uma investigação detalhada das causas.
Parceria de codeshare: Latam e Voepass
O acidente em Vinhedo também destaca a relação entre companhias aéreas, como a parceria de codeshare entre a Latam e a Voepass. Esse acordo permite que uma companhia venda passagens para voos operados por outra, facilitando a cobertura em áreas onde não possui operação própria. A Latam confirmou que continuará com essa parceria, ressaltando que, apesar de vender as passagens, a empresa operadora é responsável pela gestão técnica e operacional do voo, incluindo o atendimento aos passageiros.
Compreender o funcionamento das caixas-pretas e o impacto das parcerias entre companhias aéreas é essencial para garantir a segurança na aviação e a eficácia nas investigações de acidentes. Esses dispositivos, com sua robustez e capacidade de armazenamento de dados cruciais,desempenham um papel vital na identificação de falhas e na prevenção de futuros desastres.