O ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, foi preso nesta sexta-feira, 13, em sua casa no bairro de Boa Viagem, no Recife, acusado de tentar intermediar um passaporte português para o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Detido por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilson nega qualquer envolvimento com o caso e alega que sua única ação foi solicitar a renovação do passaporte do pai, de 85 anos.
“Não matei, não trafiquei drogas, apenas pedi um passaporte para meu pai”, declarou ele à imprensa ao chegar no Instituto Médico Legal, onde realizou o exame de corpo de delito. Segundo Gilson, ele teria entrado em contato com o consulado português apenas por telefone e não chegou a comparecer pessoalmente a nenhuma repartição.
A Polícia Federal cumpriu o mandado de prisão preventiva e levou o ex-ministro para o Centro de Triagem e Observação Criminológica Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, onde ele permanecerá à disposição da Justiça. De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária, Gilson está em cela separada, por razões de segurança.
Suspeita envolve tentativa de fuga de Mauro Cid
A Procuradoria-Geral da República (PGR) identificou indícios de que Gilson Machado teria atuado para conseguir um passaporte europeu para Mauro Cid — personagem central nas investigações sobre fraudes e articulações do entorno bolsonarista após a eleição de 2022. O objetivo seria facilitar a saída de Cid do país, em momento no qual ele já era investigado por diversos crimes.
Documentos encontrados no celular de Cid indicam que ele buscava a cidadania portuguesa desde janeiro de 2023. A suspeita é que Gilson Machado possa ter ajudado a acelerar esse processo, usando contatos com o consulado português no Recife. A defesa, no entanto, diz que não teve acesso ao processo nem aos fundamentos da prisão.
“Estamos dando entrada em um pedido para que o ministro Alexandre de Moraes esclareça os motivos da medida”, afirmou o advogado de Gilson, Célio Avelino. “Ele nega qualquer relação com Mauro Cid nesse contexto”.
Político, músico e ex-candidato em Pernambuco
Gilson Machado tem 57 anos e uma trajetória multifacetada. Sanfoneiro da banda de forró Brucelose, é também empresário e veterinário. Ganhou notoriedade como presidente da Embratur e ministro do Turismo no governo Bolsonaro. Em 2022, tentou uma vaga no Senado por Pernambuco, ficando em segundo lugar com mais de 1,3 milhão de votos. No ano seguinte, concorreu à prefeitura do Recife, também sem êxito.
Apesar da prisão, Gilson está confirmado na programação do São João de Caruaru, no dia 24 de junho, o que levanta dúvidas sobre sua participação no evento após os desdobramentos do caso.
O Partido Liberal (PL) divulgou nota afirmando que acompanha o caso e aguarda esclarecimentos das autoridades. Gilson, por sua vez, insiste que não cometeu crime algum.
“Se meu pai não recebeu o passaporte ainda, está prestes a receber. Só isso. Nada além disso”, afirmou.