Mulher suspeita de envenenar bolo e matar três pessoas é encontrada morta em cela no RS

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

Deise Moura dos Anjos, investigada pela morte de três pessoas da família do marido após comerem um bolo de frutas cristalizadas envenenado com arsênio, foi encontrada morta na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, na manhã desta quinta-feira, 13, segundo a Polícia Penal. A principal hipótese é de suicídio.

A mulher estava presa temporariamente desde 5 de janeiro, suspeita de ter misturado arsênio na farinha usada no bolo consumido em Torres, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, na véspera de Natal. Além disso, a polícia também apurava seu envolvimento na morte do sogro, Paulo Luiz dos Anjos, que faleceu em setembro após ingerir bananas e leite em pó supostamente levados por Deise à casa dele.

Suspeita deixou bilhete antes de ser encontrada morta

Em nota, a Polícia Penal informou que Deise foi encontrada “sem sinais vitais” durante a conferência matinal na penitenciária.

“Imediatamente, os servidores prestaram os primeiros socorros e acionaram o Serviço de Atendimento Médico de Urgência, que, ao chegar ao local, constatou o óbito”, diz o comunicado.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) apontou que a causa da morte foi “asfixia mecânica autoinfligida”. A mulher estava sozinha na cela. As circunstâncias do caso serão investigadas pela Polícia Civil e pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP).

Segundo o chefe da Polícia Civil, delegado Fernando Sodré, a suspeita deixou um bilhete escrito antes de sua morte. “Ela fez um desabafo, se dizendo inocente, afirmando que estava sofrendo e em depressão”, relatou Sodré.

A administração do presídio teria sido alertada sobre riscos de suicídio um dia antes do ocorrido. Um advogado da família do marido da suspeita informou à penitenciária que Deise receberia a notícia do pedido de divórcio. Após isso, ela teria demonstrado mudanças em seu comportamento.

A Polícia Penal declarou que Deise “recebeu três atendimentos psicológicos na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, além de dois atendimentos com a equipe de saúde”. Segundo a instituição, “a rotina de inspeção é permanente, e revistas diárias são realizadas nas celas”.

O caso do bolo envenenado

No dia 22 de dezembro de 2024, sete pessoas da mesma família estavam reunidas em um café da tarde em Torres quando passaram mal após comer um bolo de frutas cristalizadas. O doce havia sido preparado por Zeli dos Anjos, sogra de Deise, que utilizou farinha fornecida pela nora.

Tatiana Denize Silva dos Anjos, Maida Berenice Flores da Silva e Neuza Denize Silva dos Anjos morreram poucas horas depois. Laudos médicos apontaram parada cardiorrespiratória e choque pós-intoxicação alimentar.

Zeli dos Anjos sobreviveu, mas precisou ser internada. Uma criança de 10 anos que também comeu o bolo foi hospitalizada e recebeu alta posteriormente.

Após investigações, a Polícia Civil constatou que a farinha usada no bolo estava contaminada com arsênio. Segundo o delegado Marcus Veloso, responsável pelo caso, a sogra de Deise era o principal alvo do crime.

Investigação apontava possível série de envenenamentos

Após a repercussão do caso, a polícia reabriu a investigação da morte do sogro de Deise, Paulo Luiz dos Anjos, ocorrida em setembro de 2024. Ele teria ingerido bananas e leite em pó supostamente levados pela nora antes de passar mal e morrer.

A exumação do corpo e exames laboratoriais confirmaram a presença de arsênio no organismo de Paulo. Com isso, a Polícia Civil passou a tratar o caso como um possível homicídio em série.

Deise Moura dos Anjos havia sido transferida da Penitenciária Feminina de Torres para Guaíba em 6 de fevereiro, por questões de segurança. Sua prisão temporária havia sido prorrogada pela Justiça, e os investigadores reuniam provas para pedir sua conversão em prisão preventiva.

Agora, com a morte da suspeita, a Polícia Civil dará andamento ao inquérito para encerrar o caso e emitir um relatório final à Justiça.