Mulher fica cega após beber caipirinha com metanol em bar de São Paulo

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

O caso de Radharani Domingos, designer de interiores de 36 anos, expõe a gravidade das intoxicações por bebidas adulteradas que se espalham por São Paulo. Ela saiu para comemorar o aniversário de uma amiga em um bar de região nobre da capital. Pediu três caipirinhas de frutas vermelhas com maracujá e vodca. Horas depois, foi internada na UTI após convulsões e perdeu completamente a visão.

“Era para ser uma comemoração em um bar em uma região nobre, não era nenhum boteco de esquina. Foi um estrago bem grande. Não estou enxergando nada”, disse a vítima em entrevista ao Fantástico, ainda no hospital.

Sintomas que confundem e risco de cegueira

O oftalmologista Fábio Azembal, que acompanha pacientes intoxicados, explicou que os sintomas podem parecer com os de uma ressaca. Náuseas, vômitos, cólicas abdominais e dor de cabeça surgem nas primeiras horas. No entanto, a evolução rápida para confusão mental, convulsões e alterações visuais indica intoxicação grave por metanol.

“A diferença é que o metanol causa lesões irreversíveis, especialmente na visão. O socorro imediato é essencial para evitar sequelas graves”, destacou o médico.

O caso de Radharani não é isolado. Outro jovem permanece em coma desde o início de setembro. Segundo a mãe, o estado dele é “irreversível”. O Centro de Vigilância Sanitária (CVS) confirmou seis casos desde junho, com duas mortes. Há outros dez sob investigação.

Autoridades estaduais e federais reforçam o alerta: bares, distribuidoras e restaurantes devem checar a procedência das bebidas. O Ministério da Justiça também emitiu notificação nacional para que estabelecimentos redobrem os cuidados, diante de um cenário considerado “fora do padrão” e com risco de surtos epidêmicos.

O metanol é um álcool tóxico, usado na indústria e em combustíveis, sem qualquer destinação para consumo humano. Quando ingerido, pode levar à cegueira ou à morte. Por isso, especialistas pedem que a população compre apenas bebidas de fabricantes legalizados, com rótulo, selo fiscal e lacre de segurança.

Enquanto as investigações avançam, famílias como a de Radharani e de Rafael, jovem em coma, aguardam respostas das autoridades e cobram justiça.