O Papa Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, faleceu na madrugada desta segunda-feira (21), aos 88 anos, em sua residência na Cidade do Vaticano. A causa da morte, conforme informado oficialmente, foi um Acidente Vascular Cerebral (AVC), seguido de insuficiência cardíaca irreversível. A morte ocorreu por volta das 7h35 no horário local (2h35 em Brasília), após o pontífice entrar em coma. O falecimento foi confirmado por eletrocardiograma e comunicado ao mundo pelo Departamento de Saúde e Higiene do Vaticano.
A saúde de Francisco já vinha inspirando cuidados. Nos meses anteriores, ele enfrentou uma pneumonia bilateral e chegou a ser internado por quase 40 dias. Embora tivesse recebido alta em março, continuava em tratamento domiciliar e apresentava um quadro clínico delicado, agravado por hipertensão, diabetes e infecção pulmonar persistente.
O Vaticano divulgou uma nota oficial expressando que o Papa “retornou à casa do Pai”, destacando sua vida dedicada ao serviço da Igreja e dos mais necessitados. O sino da Basílica de São Pedro ecoou na manhã desta segunda para anunciar sua partida, enquanto turistas e peregrinos expressavam consternação diante da notícia.
Cerimônias em homenagem ao Papa
As cerimônias fúnebres começaram ainda no dia de sua morte, com missas e ritos realizados em Roma. Na quarta-feira (23), o corpo será levado à Basílica de São Pedro para que os fiéis possam se despedir. O enterro, entretanto, ocorrerá na Basílica de Santa Maria Maggiore, como desejado pelo próprio pontífice em testamento, que pediu um sepulcro simples, sem ornamentos e com a inscrição: “Franciscus”.
Francisco foi o primeiro papa latino-americano e o primeiro jesuíta a comandar a Igreja Católica. Argentino, filho de imigrantes italianos, nasceu em Buenos Aires em 1936 e teve trajetória marcada por simplicidade e firmeza moral. Antes de seguir a vida religiosa, formou-se técnico em química e chegou a lecionar literatura. Foi ordenado sacerdote em 1969, tornando-se arcebispo da capital argentina em 1997 e cardeal em 2001, nomeado por João Paulo II.
Seu papado, iniciado em 2013, foi considerado um dos mais simbólicos da história moderna da Igreja. Francisco buscou aproximar o catolicismo das questões sociais contemporâneas, promovendo reformas estruturais no Vaticano, incentivando o combate à pobreza e abrindo espaço para o diálogo inter-religioso e com minorias. Entre suas ações mais lembradas estão a crítica contundente aos modelos econômicos excludentes, a defesa dos migrantes, e o gesto de lavar os pés de presidiários em cerimônias da Semana Santa.
Embora tenha permitido a bênção de casais homoafetivos e a participação de mulheres em votações sinodais, Francisco também foi criticado por setores progressistas por não avançar em pontos como a ordenação feminina. Ainda assim, consolidou uma imagem global de liderança espiritual com compaixão, sensibilidade e carisma, mesmo entre agnósticos e não católicos.
Repercussão internacional
A repercussão internacional da sua morte foi imediata. Líderes políticos e religiosos de todo o mundo expressaram pesar. O presidente argentino Javier Milei afirmou que, apesar das diferenças, foi uma honra ter conhecido Francisco. O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva decretou luto oficial de sete dias no país. Emmanuel Macron, presidente da França, destacou a esperança que o papa levou aos mais pobres. Donald Trump, Vladimir Putin, Giorgia Meloni, Volodymyr Zelenskyy e outros chefes de Estado também emitiram notas de condolência.
Francisco deixa um legado complexo, marcado por coragem pastoral e gestos simbólicos que ecoaram além dos muros do Vaticano. Em seu testamento, o pontífice escreveu: “O sofrimento que esteve presente na parte final da minha vida, ofereci ao Senhor pela paz no mundo e pela fraternidade entre os povos”.
O mundo agora observa os próximos passos do Vaticano, enquanto a Igreja entra no período de sé vacante, que antecede o Conclave para a escolha do novo sucessor de Pedro.