O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com ministros na Granja do Torto para discutir o impacto das medidas econômicas na queda de sua popularidade. O encontro ocorreu após a divulgação de uma pesquisa do Datafolha, que apontou o nível mais baixo de aprovação do governo desde o início do terceiro mandato.
Durante a reunião, foi apresentado um diagnóstico que indica que algumas das decisões do Ministério da Fazenda geraram forte desgaste para a imagem do governo. Entre os temas mais criticados estão a regulamentação do Pix e a crise envolvendo a taxação de compras internacionais, conhecida como “crise das blusinhas”.
Ministro fora da reunião
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não participou da reunião, pois está em viagem ao Oriente Médio desde o dia 14 de fevereiro e deve retornar ao Brasil apenas na madrugada do dia 20.
Estiveram presentes no encontro membros do núcleo estratégico do governo, incluindo Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, Rui Costa, da Casa Civil, e Sidônio Palmeira, da Secretaria de Comunicação. Também participaram a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Além das polêmicas envolvendo as decisões da Fazenda, os ministros discutiram o impacto da alta da inflação dos alimentos na percepção pública do governo. O fortalecimento do dólar e os desafios econômicos foram citados como fatores que agravam o problema.
Outro ponto destacado na reunião foi a dificuldade do governo em comunicar suas ações de forma eficaz. Pesquisas internas indicaram que boa parte da população não consegue identificar as principais marcas da atual gestão nem reconhecer mudanças implementadas em programas sociais.
A estratégia adotada para os próximos meses será a intensificação da comunicação voltada aos serviços oferecidos pelo governo, com foco em melhorar a percepção pública sobre as políticas implementadas.
Pressão sobre Haddad
A ausência de Haddad na reunião e as críticas a medidas da Fazenda aumentam a tensão política nos bastidores do governo. Há uma disputa interna entre o ministro e um grupo liderado por Rui Costa, chefe da Casa Civil.
Recentemente, decisões como a revogação da portaria de fiscalização do Pix e a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil foram interpretadas como derrotas para Haddad, que era contra o anúncio conjunto dessas medidas.
Aliados do ministro defendem que ele conseguiu avanços na agenda econômica, mas destacam que tem enfrentado dificuldades para implementar um ajuste fiscal mais rígido. Já dentro do Planalto, há pressão para mudanças na equipe econômica, enquanto Rui Costa se fortalece politicamente.
Nos bastidores, essa disputa se conecta diretamente com a sucessão presidencial de 2026, com Rui Costa sendo apontado como um possível candidato. Enquanto isso, Haddad segue tentando consolidar seu espaço dentro do governo.