Meta abandona verificadores de fatos: Brasil critica decisão como ‘prejudicial à democracia’

O anúncio de Mark Zuckerberg, fundador e CEO da Meta, de descontinuar os verificadores de fatos no Facebook e Instagram nos Estados Unidos gerou duras críticas de líderes brasileiros. Segundo o recém-nomeado ministro da Comunicação, Sidonio Palmeira, a medida representa um risco significativo para a democracia. “Sem a verificação de fatos, não há controle sobre a disseminação de ódio, desinformação e notícias falsas”, afirmou Palmeira na quarta-feira.

A decisão, anunciada na terça-feira, 7, foi justificada por Zuckerberg como uma resposta às preocupações com viés político. No entanto, especialistas alertam que a mudança, que substitui profissionais de checagem por um modelo de “notas comunitárias”, popularizado pelo Twitter/X, pode aumentar significativamente a circulação de informações prejudiciais.

Brasil exige explicações e considera medidas regulatórias

O Ministério Público brasileiro enviou uma carta à Meta exigindo esclarecimentos sobre a aplicação dessa política no Brasil. A empresa tem 30 dias para responder, fornecendo informações detalhadas. A Suprema Corte do país, conhecida por sua postura firme em relação à regulamentação de plataformas digitais, reforçou a necessidade de controle para evitar danos à sociedade.

No ano passado, o Brasil bloqueou a plataforma X, de Elon Musk, por 40 dias, após repetidas violações relacionadas à desinformação. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também destacou a importância de combater discursos de ódio e notícias falsas durante uma cerimônia que marcou dois anos desde os ataques a Brasília, protagonizados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Lula declarou: “Defendemos, e sempre defenderemos, a liberdade de expressão. Mas não toleraremos discurso de ódio e desinformação, que colocam vidas em risco e incitam violência contra o Estado de Direito”.

Impacto global da decisão da Meta

A decisão da Meta levanta questões sobre os próximos passos em outras regiões, incluindo a América Latina e a Europa, onde já existem regulamentações mais rígidas. Ao criticar o que chamou de “censura” nesses continentes, Zuckerberg reacendeu debates globais sobre os limites entre liberdade de expressão e responsabilidade das plataformas.

Enquanto o Brasil aguarda a resposta da Meta, cresce a pressão por regulamentações que garantam um ambiente digital seguro e democrático.