Após 25 anos de negociações, o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia foi anunciado nesta sexta-feira, 6, durante a cúpula do Mercosul em Montevidéu, Uruguai. A assinatura definitiva dependerá da aprovação dos legislativos nacionais de ambos os blocos e de uma revisão legal e técnica do texto.
O que é o acordo e seus objetivos?
O tratado visa eliminar ou reduzir tarifas de importação e exportação entre os blocos, abrangendo áreas como:
- Cooperação política e ambiental;
- Harmonização de normas sanitárias e fitossanitárias;
- Proteção de propriedade intelectual;
- Livre comércio e acesso a compras governamentais.
Além disso, o acordo busca economizar €4 bilhões anuais em tarifas para empresas europeias, enquanto estimula exportações e investimentos em países do Mercosul, como o Brasil. Contudo, exige que exportadores sul-americanos cumpram rigorosos padrões europeus de saúde e alimentos.
Apesar de um acordo preliminar em 2019, o texto enfrentou resistências. Na Europa, especialmente na França, agricultores temiam concorrência desleal por diferenças nos custos de produção e requisitos ambientais entre os blocos. Por outro lado, no Mercosul, especialistas apontam possíveis riscos para indústrias locais diante de produtos europeus mais competitivos.
A oposição do presidente francês Emmanuel Macron ilustra o embate político. Ele criticou o tratado como contraditório às políticas climáticas europeias e brasileiras, reforçando preocupações agrícolas e ambientais.
Segundo o Ipea, o Brasil será o maior beneficiado pelo acordo, com projeções de aumento de 0,46% no PIB até 2040 e US$ 11,6 bilhões em ganhos acumulados nas exportações. Entre os setores favorecidos estão o agronegócio e commodities, que terão acesso ampliado ao mercado europeu.
Entretanto, a indústria nacional pode enfrentar desafios de competitividade. Produtos manufaturados europeus podem pressionar setores brasileiros, exigindo avanços em eficiência e logística.
Próximos passos
O texto do acordo será revisado, traduzido e submetido à aprovação dos legislativos nacionais e do Parlamento Europeu. A ratificação completa pode ser desafiada por pressões internas em ambos os blocos, mas a expectativa é que, superados os entraves, o acordo traga oportunidades significativas para consumidores e empresas dos dois lados.
Essa parceria histórica representa um marco na integração econômica global, com potencial para transformar relações comerciais e fortalecer laços entre as regiões.