Menina de quatro anos é a quinta vítima de envenenamento no Piauí; padrasto da mãe está preso como principal suspeito

Photo of author

By LatAm Reports Redatores da Equipe

A menina Maria Gabriela da Silva, de quatro anos, morreu na noite de terça-feira, 21 de janeiro, após passar mais de vinte dias internada no Hospital de Urgência de Teresina. A criança foi a quinta vítima fatal de um envenenamento em massa ocorrido no dia 1º de janeiro, em Parnaíba, litoral do Piauí. Além dela, a mãe, dois irmãos e um tio também perderam a vida após ingerirem arroz contaminado com um pesticida altamente tóxico.

A polícia investiga Francisco de Assis Pereira da Costa, padrasto da mãe da criança, como principal suspeito do crime. Ele está preso desde 8 de janeiro e nega envolvimento, mas admitiu que tinha desavenças com a enteada e seus filhos.

Envenenamento e investigação

A família consumiu arroz contaminado com terbufós, um composto químico presente em pesticidas e utilizado ilegalmente na formulação do chumbinho. Segundo laudos periciais do Instituto de Medicina Legal, a substância ataca o sistema nervoso central e pode causar tremores, convulsões, dificuldade respiratória e morte.

No dia 31 de dezembro, a família preparou uma ceia de réveillon com carne, feijão tropeiro e baião de dois. O alimento foi consumido sem que ninguém apresentasse sintomas de envenenamento. No dia seguinte, os familiares se reuniram novamente e requentaram o baião de dois, desta vez por sugestão de Francisco. Pouco tempo após o almoço, as vítimas começaram a sentir os sintomas do envenenamento.

Ao todo, nove pessoas ingeriram o arroz contaminado. Oito foram hospitalizadas e uma morreu ainda dentro da ambulância. As vítimas fatais foram:

  • Francisca Maria da Silva, 32 anos, mãe de Maria Gabriela
  • Manoel Leandro da Silva, 18 anos, tio de Maria Gabriela
  • Maria Gabriela da Silva, 4 anos
  • Maria Lauane da Silva, 3 anos, irmã de Maria Gabriela
  • Igno Davi da Silva, 1 ano e 8 meses, irmão de Maria Gabriela

Outras quatro pessoas também passaram mal, mas sobreviveram:

  • Uma adolescente de 17 anos, tia de Maria Gabriela
  • Maria Jocilene da Silva, vizinha da família, de 32 anos
  • Um menino de 11 anos, filho de Maria Jocilene
  • Francisco de Assis Pereira da Costa, 53 anos, padrasto de Francisca Maria e suspeito do crime

A polícia acredita que Francisco fingiu estar envenenado, mas consumiu uma porção de arroz sem a substância tóxica.

Conexão com outras mortes

Além do caso atual, Francisco de Assis também é investigado pela morte dos irmãos Ulisses Gabriel e João Miguel Silva, de oito e sete anos, falecidos em agosto e novembro de 2024, respectivamente. Inicialmente, uma vizinha da família havia sido acusada pelos crimes e chegou a ser presa. No entanto, um novo laudo revelou que a substância presente nos corpos das crianças era a mesma utilizada no envenenamento da família em janeiro de 2025, levantando suspeitas contra Francisco.

Diante das novas evidências, a Justiça determinou que a Polícia Civil esclareça se a demora na divulgação dos laudos comprometeu as investigações. Uma audiência está marcada para o dia 23 de janeiro e pode definir os novos rumos do processo.

Maria Gabriela deu entrada no Hospital de Urgência de Teresina no dia 3 de janeiro e permaneceu internada na Unidade de Terapia Intensiva pediátrica até a noite de terça-feira, quando seu quadro clínico se agravou.

O hospital divulgou uma nota oficial confirmando o falecimento da criança e expressando solidariedade aos familiares.

As equipes médicas realizaram todos os esforços possíveis para o pronto restabelecimento da menor. Lamentamos profundamente o ocorrido e nos solidarizamos com os familiares e amigos neste momento de dor, informou a direção do hospital.

A Polícia Civil segue investigando o caso para reunir mais provas contra o suspeito. A principal linha de apuração aponta que Francisco teria planejado o crime por conta de desavenças com a enteada e seus filhos.

A Justiça determinou a manutenção da prisão temporária de Francisco de Assis, enquanto as autoridades buscam esclarecer se há mais envolvidos na trama criminosa. O caso continua em andamento e pode resultar em novas prisões nos próximos dias.