Uma operação de grande porte mobilizou forças policiais e órgãos de fiscalização nesta quinta-feira em vários estados do país. A ação tem como alvo o grupo Refit, apontado como responsável por prejuízos superiores a R$ 26 bilhões aos cofres públicos. A ofensiva ocorre após meses de investigação e coloca a empresa no centro de um dos maiores esquemas tributários já identificados no setor de combustíveis.
A movimentação começou ainda de madrugada, com equipes realizando buscas simultâneas em endereços ligados à companhia e a pessoas apontadas como integrantes de uma organização criminosa. A operação foi batizada de Poço de Lobato, em referência ao primeiro campo de petróleo descoberto no Brasil, e simboliza, segundo investigadores, a dimensão da estrutura que estaria sendo usada para ocultar recursos e driblar o pagamento de impostos.
As suspeitas envolvem desde a importação de combustíveis até a distribuição ao consumidor final, atingindo toda a cadeia do setor. Segundo autoridades envolvidas no caso, a Refit teria se tornado a maior devedora de ICMS do estado de São Paulo e também figura entre os principais devedores de tributos federais.
Investigação aponta ligação com esquema financeiro e movimentações bilionárias
A operação desta quinta-feira cumpriu 126 mandados de busca e apreensão. As ações ocorreram em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Maranhão e Distrito Federal. No total, mais de 190 alvos foram identificados. Além disso, 620 agentes de diferentes instituições foram mobilizados para a tarefa.
De acordo com a investigação, o grupo teria movimentado mais de R$ 70 bilhões em apenas um ano. Esse fluxo de recursos teria sido viabilizado por meio de empresas próprias, fundos de investimento e offshores instaladas no exterior. Uma exportadora sediada fora do país também estaria sendo utilizada para ocultar patrimônio e dificultar o rastreamento dos lucros.
Outro ponto de preocupação é a relação do grupo com pessoas e empresas ligadas à Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto contra a facção criminosa PCC. Os investigadores afirmam que há indícios de transações cruzadas entre os dois núcleos, o que elevou o nível de alerta durante a apuração.
Até o momento, mais de R$ 10 bilhões em bens foram bloqueados pela Justiça. O montante inclui imóveis, veículos e ativos financeiros. As autoridades afirmam que o valor ainda pode aumentar à medida que novos elementos forem analisados.
A Refit tem sede no Rio de Janeiro e presença em vários estados, com atuação que abrange grande parte do mercado nacional de combustíveis. Embora a empresa figure entre os maiores grupos do setor, sua crescente dívida tributária chamou atenção de órgãos de fiscalização, que passaram a investigar a origem da inadimplência e as movimentações financeiras associadas.
A operação segue em andamento. Novas medidas poderão ser adotadas ao longo dos próximos dias para aprofundar a investigação. As autoridades afirmam que o objetivo é impedir que o esquema continue operando e recuperar parte dos recursos que deixaram de ser pagos ao poder público.
