Megaincêndios na Amazônia aceleram risco de colapso do bioma

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

O aumento dos megaincêndios na Amazônia, especialmente um que começou em 8 de agosto e já devastou mais de 67 mil hectares na Terra Indígena Kayapó, levanta preocupações sobre a sustentabilidade do bioma. Dados do programa Servir-Amazônia, da NASA, revelam que essa queimada representa um desafio crescente à preservação da floresta.

O fenômeno dos megaincêndios

Erika Berenguer, cientista sênior da Universidade de Oxford, destaca que estamos entrando na “era dos megaincêndios“, com ocorrências cada vez mais comuns. Em 2023 e 2024, a ocorrência de megaincêndios é alimentada pelo fenômeno climático El Niño, que prejudica a chuva na região. O aquecimento global contribui para a elevação das temperaturas, que já aumentaram 1,5°C desde os anos 1970, tornando a floresta mais suscetível a queimadas.

Entre janeiro e agosto de 2024, mais de 1,77 milhão de hectares de floresta queimaram, representando cerca de 33% do total de áreas atingidas, uma taxa quase dobrada em relação ao ano anterior. Com mais de 38 mil focos de incêndio registrados no último mês, os cientistas alertam para a gravidade da situação.

Riscos de colapso irreversível

As mudanças climáticas e a seca extrema têm levado a floresta a um estado crítico, com a possibilidade de um colapso irreversível. A degradação da floresta, acentuada pelo aumento das queimadas, pode antecipar o chamado “ponto de não retorno”, onde a Amazônia não seria mais capaz de gerar chuvas suficientes para manter suas características de floresta úmida.

Carlos Nobre, pesquisador da USP, alerta que a região sul da Amazônia já está muito próxima desse ponto crítico. Se a atual trajetória de desmatamento e incêndios continuar, a floresta poderá atingir esse estágio até 2050. A estação seca, que se alongou em quatro a cinco semanas nos últimos 40 anos, é um indicativo alarmante das mudanças no ecossistema.

A degradação, combinada com o uso do fogo como estratégia de apropriação de terras, intensifica o ciclo de destruição. André Lima, secretário do Ministério do Meio Ambiente, aponta que o uso do fogo está sendo empregado como método de desmatamento, em um cenário onde a fiscalização ambiental é frequentemente desafiada.

Com a floresta cada vez mais fragilizada, os cientistas ressaltam a urgência de medidas eficazes para conter os incêndios e restaurar a Amazônia, antes que os danos se tornem irreversíveis.

Artigo inspirado em matéria de Folha de S.Paulo