Cinco meses após a morte do empresário Henrique da Silva Chagas durante um procedimento estético com peeling de fenol, sua mãe, Edna Maria Rodrigues da Silva, busca na Justiça uma indenização por danos materiais e morais no valor de R$ 1,4 milhão. O caso ocorreu em São Paulo e colocou em evidência os riscos associados a tratamentos realizados sem a devida regulamentação.
O pedido de indenização foi protocolado em setembro e é conduzido pelo advogado Celso Augusto Hentscholek Valente. A mãe, que residia com o filho em Pirassununga, interior paulista, dependia financeiramente dele, que mantinha um pet shop com faturamento mensal de cerca de R$ 15 mil. Segundo o advogado, além do abalo emocional, a família teve gastos com funeral e outras despesas decorrentes da tragédia.
Henrique, de 34 anos, faleceu em 3 de junho após sofrer uma parada cardiorrespiratória causada pela inalação do fenol, um produto químico tóxico utilizado no peeling. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) confirmou que o procedimento gerou um edema pulmonar agudo, levando à morte do empresário.
Acusação e medidas legais
A empresária Natalia Fabiana de Freitas Antonio, conhecida como Natalia Becker, é apontada como a responsável pela aplicação do fenol na clínica localizada na Zona Sul da capital paulista. Embora se apresentasse como esteticista, Natalia não possuía registro profissional válido. Além disso, sua clínica operava sem autorização, prática que resultou em seu fechamento pela Prefeitura de São Paulo.
Na esfera cível, o juiz Edson José de Araújo Junior determinou uma pensão provisória de dois salários mínimos para Edna, enquanto o processo principal está em andamento. Na esfera criminal, Natalia é acusada de homicídio doloso com dolo eventual qualificado, por ter assumido o risco ao realizar o procedimento.
A defesa de Natalia alega que não há provas definitivas contra a empresária e aguarda decisão transitada em julgado. O processo criminal segue em andamento, e a empresária está proibida de atuar como esteticista.
Debate sobre o uso de Fenol
O peeling de fenol é considerado invasivo e, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), só pode ser realizado por médicos em ambiente hospitalar. Divergências entre os conselhos profissionais intensificam o debate sobre quem está habilitado para executar esse tipo de procedimento, ressaltando a necessidade de regulamentação rigorosa.
Vídeos e fotos do dia do procedimento mostram Henrique passando mal logo após a aplicação do fenol. Uma ambulância foi chamada, mas o empresário morreu no local. O caso levanta alertas sobre os riscos de procedimentos estéticos realizados sem supervisão médica adequada.