Durante evento realizado nesta sexta-feira, 11, no Espírito Santo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro teria enviado o filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), aos Estados Unidos com o objetivo de pedir a Donald Trump que interceda por ele e pressione o atual governo brasileiro com ameaças de taxação comercial.
As declarações ocorreram durante uma cerimônia oficial em Linhares (ES), onde o governo apresentou novo acordo de indenização para as vítimas da tragédia de Mariana, ocorrida em 2015. Na ocasião, Lula ironizou o episódio, sugerindo que Eduardo teria ido até Trump para pedir que “salvasse o pai”, num gesto descrito por Lula como uma tentativa de intimidação externa.
Segundo o presidente, a recente decisão do ex-presidente norte-americano de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros teria motivações políticas e estaria ligada ao julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). Lula também criticou o argumento usado por Trump para justificar a medida — a alegação de que os Estados Unidos teriam um déficit comercial com o Brasil.
De acordo com dados citados por Lula, o saldo da balança entre os dois países, somando comércio e serviços ao longo dos últimos 15 anos, seria favorável aos EUA em mais de 400 bilhões de dólares.
“Eu que deveria taxar ele”, afirmou o presidente em tom crítico.
A carta enviada por Trump ao governo brasileiro anunciando a nova tarifa foi divulgada na última quarta-feira (9). Nela, o ex-presidente norte-americano expressa preocupação com o processo judicial contra Bolsonaro e afirma que o governo dos EUA tomaria medidas comerciais caso o ex-presidente brasileiro fosse prejudicado.
Em resposta, Lula voltou a defender o princípio da reciprocidade nas relações comerciais. Disse que buscará soluções diplomáticas, mas que, se necessário, adotará medidas equivalentes. “Taxou aqui, a gente taxa lá”, afirmou o presidente, reforçando que acionará instâncias como a OMC e o bloco dos Brics.
Lula também criticou o tom adotado por Trump para anunciar a medida. Segundo ele, a comunicação feita por meio de redes sociais, sem canais diplomáticos formais, demonstra desrespeito à soberania brasileira. O presidente usava um boné azul com a frase “O Brasil é dos brasileiros”, símbolo adotado por setores governistas para responder a pressões externas e críticas da oposição.
Até o momento, nem Eduardo Bolsonaro nem representantes da oposição comentaram publicamente as declarações feitas por Lula no evento.