Lula pede fim do tarifaço e Trump promete “se dar bem” com o Brasil: o que se sabe da conversa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou nesta segunda-feira (6) com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A reunião por videoconferência durou cerca de 30 minutos e foi solicitada pela Casa Branca. O encontro marcou uma reaproximação após meses de tensão diplomática.

Durante a conversa, Lula pediu o fim da tarifa de 40% sobre produtos brasileiros e o cancelamento das sanções aplicadas contra autoridades do país. Entre elas, está o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), alvo da Lei Magnitsky.

Trump não respondeu de forma direta, mas afirmou que o assunto será tratado por equipes técnicas. O americano reconheceu que os Estados Unidos “sentem falta” de produtos brasileiros afetados pelo tarifaço, como o café.

Em tom amigável, Trump disse na Truth Social que teve uma “ótima conversa” com Lula. Segundo ele, os dois países “vão se dar muito bem juntos” e devem se encontrar “em breve”.

Possível encontro entre Lula e Trump

Lula sugeriu três opções para o encontro presencial: a cúpula da Asean, na Indonésia; a COP-30, em Belém (PA); ou uma visita oficial aos Estados Unidos. O evento na Indonésia é o mais provável, já que o presidente brasileiro confirmou presença no fim de outubro.

O Palácio do Planalto informou que Trump designou o secretário de Estado Marco Rubio para dar continuidade às negociações. Ele atuará junto ao vice-presidente Geraldo Alckmin, ao ministro Fernando Haddad e ao chanceler Mauro Vieira.

Segundo nota oficial, Lula classificou a conversa como “uma oportunidade de restaurar as relações amistosas entre as duas maiores democracias do Ocidente”.

Economia e tensões políticas

A conversa ocorre em meio à crise comercial iniciada por Trump em julho. O governo americano impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros após a condenação de Jair Bolsonaro pelo STF por tentativa de golpe de Estado.

Apesar das divergências, Lula acredita que o diálogo pode abrir espaço para novos acordos. Ele afirmou que o Brasil quer discutir a exploração de minerais críticos com empresas estrangeiras, mas exige que a produção industrial aconteça dentro do país.

“Queremos parcerias que tragam desenvolvimento e tecnologia, não apenas a exportação de minérios”, disse o presidente.

Reações no Brasil

O clima entre os membros do governo foi de otimismo. O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que a conversa foi “boa e produtiva”. Segundo ele, a relação com os Estados Unidos pode evoluir de forma “ganha-ganha”.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também considerou o encontro positivo e disse que ele “abre espaço para uma nova fase de cooperação econômica”.

Por outro lado, aliados de Bolsonaro criticaram a conversa. O ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten disse que o diálogo “não significa nada” e chamou a política externa atual de “lenta e sem técnica”.