O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reuniu seus ministros nesta segunda-feira (20), na Granja do Torto, em Brasília, para definir diretrizes para a segunda metade do mandato. Entre as decisões anunciadas, Lula determinou que nenhuma portaria poderá ser editada sem aprovação prévia da Casa Civil, reforçando o controle sobre atos administrativos.
A decisão vem após a recente polêmica envolvendo a Receita Federal e o PIX. Uma norma de fiscalização gerou interpretações equivocadas nas redes sociais, levando o governo a esclarecer que não haveria taxação sobre as transações financeiras. A repercussão forçou a revogação da medida e expôs falhas na comunicação governamental.
“A gente pensa que não é nada, mas alguém faz uma portaria, cria confusão e acaba estourando na Presidência”, afirmou Lula durante a reunião. O presidente quer evitar novos desgastes e garantir que qualquer medida administrativa passe pelo crivo do governo central antes de ser publicada.
Organização interna do governo do Lula
Além do reforço na organização interna, Lula cobrou dedicação da equipe ministerial e pediu maior divulgação dos resultados do governo. O presidente também demonstrou preocupação com o cenário político e a lealdade dos partidos aliados.
“Temos vários partidos políticos alinhados conosco, mas estamos entrando no processo eleitoral e não sabemos se esses partidos querem continuar trabalhando com a gente”, disse. Ele reforçou que 2026 já começou para os adversários e alertou que o governo precisa equilibrar trabalho e articulação política para não perder espaço.
A reunião acontece em um momento de forte pressão por uma reforma ministerial. Aliados no Congresso cobram mudanças no primeiro escalão para acomodar nomes de partidos que sustentam o governo no Legislativo. A única troca confirmada até agora foi na Secretaria de Comunicação Social, com Sidônio Palmeira assumindo o cargo antes ocupado por Paulo Pimenta.
Lula enfrenta desafios em diversas frentes. No campo econômico, busca melhorar a relação com o mercado financeiro, frequentemente alvo de suas críticas. Na segurança pública, precisa lidar com a resistência de governadores de oposição à ampliação da presença federal nos estados. No Congresso, a renovação das lideranças da Câmara e do Senado pode alterar o equilíbrio político.
Outro grande desafio do governo será a realização da COP 30, em Belém. O evento coloca o Brasil no centro das discussões globais sobre meio ambiente, transição energética e desenvolvimento sustentável, oferecendo uma vitrine internacional ao país.
Com esses desafios em pauta, Lula quer evitar surpresas e garantir que sua base política continue coesa nos próximos anos, em meio a um cenário eleitoral que já se desenha competitivo.