Após retornar de viagem à China na madrugada desta quinta-feira, 15, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarcou imediatamente para Montevidéu, onde presta homenagem ao ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica, morto aos 89 anos. Ícone da esquerda sul-americana e amigo pessoal de Lula, Mujica recebe uma despedida marcada pela emoção e por fortes símbolos políticos.
Luiz Inácio Lula da Silva ajustou sua agenda nesta quinta-feira, 15, para participar do velório de José Mujica, ex-presidente do Uruguai, que faleceu na terça-feira aos 89 anos, vítima de um câncer no esôfago. O presidente brasileiro viajou a Montevidéu acompanhado da primeira-dama, Janja da Silva, e de integrantes próximos ao núcleo político do Planalto, entre eles os deputados Guilherme Boulos e Jandira Feghali, o senador Humberto Costa, o ministro Márcio Macedo e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
Mujica, símbolo da resistência à ditadura e defensor de causas sociais progressistas, será cremado em cerimônia privada.
Como pediu em vida, suas cinzas serão depositadas na chácara onde viveu, ao lado da cadela Manuela, companheira fiel até 2018.
Lula e Mujica cultivaram uma amizade que ultrapassou os cargos e os mandatos. Em dezembro passado, Lula visitou o uruguaio e lhe concedeu a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, maior honraria do Brasil a estrangeiros. Ao saber da morte do amigo, enquanto ainda estava em Pequim, o presidente brasileiro destacou a “grandeza humana” de Mujica e disse que sua trajetória ensinou que “a política e a doçura podem andar juntas”.
O velório foi aberto ao público no Palácio Legislativo, onde milhares de uruguaios compareceram na quarta-feira (14) para prestar suas últimas homenagens. O corpo foi levado em cortejo pelas ruas da capital em uma carreta militar coberta com a bandeira do país — um tributo ao homem que passou de guerrilheiro a chefe de Estado com uma vida marcada por simplicidade e coerência.
Mujica governou o Uruguai entre 2010 e 2015, período em que seu país se tornou referência em políticas sociais e ambientais.
Foi sob sua gestão que se legalizou a maconha, o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Mas o que mais o destacou foi sua conduta: recusava luxo, morava em um sítio modesto e dirigia seu próprio Fusca até o palácio presidencial.
Para muitos, Mujica foi o último dos grandes líderes da esquerda latino-americana com trajetória revolucionária e popular. Sua morte encerra um ciclo, mas sua memória continuará a inspirar gerações.