Lula afirma que qualquer tarifa dos EUA será retribuída

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que, caso os Estados Unidos imponham tarifas sobre produtos brasileiros, o país responderá com medidas equivalentes.

Falando em uma coletiva de imprensa em Brasília nesta quinta-feira, Lula destacou que busca uma relação baseada no respeito mútuo. Seus comentários foram uma resposta à ameaça do presidente dos EUA, Donald Trump, de aumentar tarifas sobre produtos brasileiros.

Resposta firme às ameaças de Trump

“É muito simples: se ele taxar produtos brasileiros, haverá reciprocidade”, declarou Lula aos jornalistas.

“Trump foi eleito para governar os Estados Unidos, e eu fui eleito para governar o Brasil. Vou respeitar os EUA e quero que Trump respeite o Brasil. É só isso.”

Os comentários de Lula reforçam a possibilidade de uma guerra comercial entre os EUA e seus aliados. Sua postura também pode servir de modelo para como outros países da América Latina responderão às políticas protecionistas de Trump. O presidente norte-americano tem defendido tarifas como uma forma de fortalecer a indústria doméstica e pressionar rivais internacionais em diversas frentes, desde a produção industrial até a migração.

Trump intensifica guerra comercial com aliados

Nesta semana, Trump ameaçou impor tarifas elevadas contra a Colômbia após o presidente colombiano, Gustavo Petro, inicialmente se recusar a permitir o pouso de um avião militar dos EUA transportando imigrantes indocumentados.

Depois de um embate diplomático, Petro cedeu, permitindo futuros voos, mas não sem antes criticar Trump, insinuando uma comparação com “traficantes de escravos brancos”.

No entanto, Trump continuou a sugerir novas tarifas contra outros países. Nesta quinta-feira, ele afirmou à imprensa que pretende cumprir sua promessa de impor tarifas de 25% sobre produtos do Canadá e do México, dois dos maiores parceiros comerciais dos EUA.

“Não precisamos dos produtos que eles têm”, disse Trump.

O presidente norte-americano argumenta que essas tarifas incentivariam México e Canadá a reforçarem a segurança em suas fronteiras e reduzirem o fluxo de drogas, migrantes e solicitantes de asilo. No passado, Trump já ameaçou realizar ataques militares dentro do território mexicano para combater cartéis de tráfico de drogas responsáveis pelo contrabando de fentanil para os EUA.

Impactos da política “América Primeiro”

Analistas afirmam que as ameaças comerciais de Trump estão alinhadas com sua política externa de “América Primeiro”, priorizando os interesses dos EUA acima de tudo.

Durante sua posse para o segundo mandato, em 20 de janeiro, Trump reforçou essa abordagem ao anunciar tarifas para “enriquecer nossos cidadãos” e sugerir uma visão expansionista para o país, incluindo a possível retomada do Canal do Panamá.

Reação da América Latina

As ameaças comerciais de Trump não foram bem recebidas na América Latina, uma região com um histórico de intervenções e interferências dos EUA.

“Já governei o Brasil enquanto os EUA tinham presidentes republicanos e democratas, e nossa relação sempre foi entre dois países soberanos”, declarou Lula, que assumiu seu terceiro mandato não consecutivo em 2023, após derrotar o aliado de Trump, Jair Bolsonaro.

Os EUA possuem um déficit comercial com o Brasil, importando produtos como café, petróleo, aço, aeronaves e suco de laranja. Por outro lado, o Brasil compra dos EUA bens como produtos energéticos, farmacêuticos e peças de aeronaves.

Segundo a Secretaria de Comércio Exterior do Brasil, o país exportou US$ 337 bilhões em bens para os EUA em 2024, enquanto importou US$ 262,5 bilhões.

Especialistas destacam que déficits comerciais não indicam necessariamente uma relação econômica ruim, pois são influenciados por fatores como demanda do consumidor e valores cambiais.

Além disso, há o temor de que uma guerra comercial iniciada pelos EUA abra espaço para o fortalecimento de rivais econômicos. A China, por exemplo, tem ampliado sua presença na América do Sul nos últimos anos, tornando-se o principal parceiro comercial da maioria dos países da região.