O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou na abertura da 79ª Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira, 24, destacando temas cruciais para a comunidade internacional. Logo no início de seu discurso, Lula fez questão de saudar a delegação palestina, que participou da sessão inaugural pela primeira vez como membro observador.
“Dirijo-me em particular à delegação palestina, que integra pela primeira vez esta sessão de abertura. E quero saudar a presença do presidente Mahmoud Abbas”, afirmou, recebendo aplausos da plateia.
Críticas à estrutura da ONU e conflitos globais
Lula abordou as dificuldades enfrentadas na aprovação do Pacto para o Futuro, evidenciando o enfraquecimento da capacidade de negociação e diálogo entre os países. O presidente enfatizou a necessidade de reformas na ONU para que a organização se adapte às “mudanças vertiginosas” do cenário global. Ele denunciou o aumento dos gastos militares, que, segundo ele, superam 2,4 trilhões de dólares, enquanto os investimentos em questões sociais e ambientais permanecem aquém do necessário.
Em relação aos conflitos mundiais, Lula fez menção às guerras na Ucrânia, Sudão e Iémen, que afetam milhões de pessoas. Ele expressou preocupação com a situação humanitária em Gaza e na Cisjordânia, alertando sobre as consequências de uma possível escalada de violência na região.
“O direito de defesa transformou-se no direito de vingança, que impede um acordo para a liberação de reféns e adia o cessar-fogo”, comentou.
Questões climáticas e desafios estruturais
O presidente também destacou a urgência das ações climáticas, afirmando que o Brasil se comprometeu a zerar o desmatamento até 2030. Lula ressaltou que a crise climática é interdependente e que o mundo não pode esperar mais para agir. “O planeta já não espera para cobrar da próxima geração e está farto de acordos climáticos não cumpridos”, disse, enquanto mencionava os incêndios florestais e as enchentes no Brasil.
Além disso, Lula criticou o que chamou de “Plano Marshall às avessas”, em que países mais pobres são forçados a enriquecer países mais ricos. Ele defendeu a necessidade de uma reforma tributária global que imponha taxas às grandes fortunas para financiar ações contra a fome e a desigualdade.
Reforma da ONU e igualdade de gênero
Por fim, Lula defendeu uma ampla reforma na ONU, que considera defasada desde sua fundação há 80 anos. Ele ressaltou a falta de mulheres em posições de liderança dentro da organização e pediu uma maior representação de gênero nos cargos de direção, enfatizando que o cargo de Secretário-Geral nunca foi ocupado por uma mulher.
Concluindo seu discurso, Lula convocou os países membros da ONU a se unirem para enfrentar os desafios globais e restituir à organização seu papel de foro universal, destacando que “não bastam ajustes pontuais” e que mudanças significativas na Carta da ONU são urgentes.
Esse discurso foi um chamado à ação, refletindo a visão do Brasil sobre questões críticas que afetam não apenas o país, mas toda a humanidade.