A Justiça da Argentina decidiu anular o julgamento dos sete profissionais de saúde acusados pela morte de Diego Maradona. O tribunal considerou o processo inválido após uma série de polêmicas que marcaram as audiências, iniciadas em março deste ano.
O caso havia sido suspenso na semana passada, quando surgiram questionamentos sobre a conduta da juíza Julieta Makintach. Ela foi acusada de participar de um documentário sobre a morte do ídolo argentino, o que levantou suspeitas de parcialidade. Apesar de negar envolvimento formal no projeto, trechos de gravações vieram à tona, mostrando a juíza em frente às câmeras durante o processo.
A decisão de anular o julgamento ocorre após mais de dois meses de audiências repletas de tensão. Além das acusações contra os médicos, psicólogos e enfermeiros, que respondiam por homicídio com dolo eventual, o caso foi marcado por episódios de agressão.
O neurocirurgião Leopoldo Luque, médico pessoal de Maradona, chegou a ser agredido por um torcedor ao chegar ao tribunal.
Entre as principais acusações estava a alegação de negligência médica: um relatório independente, divulgado em 2021, apontou que Maradona morreu “abandonado à própria sorte” enquanto recebia cuidados em casa. Caso fossem condenados, os réus poderiam pegar de 8 a 25 anos de prisão.
A defesa dos acusados alega inocência, enquanto a família de Maradona promete continuar buscando justiça. Fernando Burlando, advogado das filhas do ex-jogador, criticou duramente a juíza Makintach, dizendo que ela atuou mais como atriz do que como magistrada e que o julgamento foi contaminado por “uma operação midiática”.
Maradona morreu em novembro de 2020, aos 60 anos, vítima de um edema pulmonar, duas semanas após uma cirurgia neurológica. A decisão de anular o julgamento levanta dúvidas sobre os próximos passos da investigação e reacende a discussão sobre a responsabilidade dos profissionais de saúde no caso.