Vanessa Ricarte, de 42 anos, conseguiu escapar do cárcere privado onde era mantida pelo ex-noivo, o músico Caio Nascimento, para denunciar as agressões que vinha sofrendo. Apesar de obter uma medida protetiva, foi assassinada a facadas pelo agressor. O crime ocorreu na tarde desta quarta-feira, 12, dentro de sua própria casa em Campo Grande.
A jornalista, que trabalhava como assessora de imprensa do Ministério Público do Trabalho (MPT), foi esfaqueada três vezes no tórax. O crime ocorreu quando ela voltou à residência acompanhada de um amigo para buscar alguns pertences. Segundo relatos, Caio agiu rapidamente, atacando Vanessa antes que ela pudesse se proteger.
Após a agressão, o amigo da vítima conseguiu levá-la para um quarto, onde se trancaram enquanto acionavam o socorro. Vanessa foi levada às pressas para a Santa Casa de Campo Grande, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu no início da madrugada. O autor foi preso em flagrante e responderá por feminicídio.
Feminicídio foi denunciado horas antes do crime
De acordo com a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), Vanessa já havia denunciado Caio no mesmo dia em que foi assassinada. A delegada Analu Ferraz explicou que a jornalista conseguiu fugir do cárcere e comparecer à delegacia para relatar as agressões e perseguições.
“Ele não a deixava sair de casa. No momento em que ela conseguiu escapar, veio direto para a delegacia”, afirmou.
Além da violência física e psicológica, Vanessa também fez mais uma denúncia. A jornalista apontou que sua imagem foi exposta em um site de conteúdo adulto sem seu consentimento.
Repercussão e homenagens
A morte de Vanessa causou forte comoção em Mato Grosso do Sul. O governador Eduardo Riedel lamentou o crime, destacando os impactos da violência de gênero.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Mato Grosso do Sul (Sindjor/MS), a Comissão de Mulheres e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) divulgaram uma nota lamentando a perda da profissional e ressaltando que o caso evidencia falhas no sistema de combate à violência contra a mulher.
“De texto impecável e ideias constantes, Vanessa sempre tinha um projeto novo na manga. Sua morte representa uma perda irreparável para o jornalismo e para a sociedade. Seu caso indigna não só pela brutalidade, mas por expor falhas que não deveriam existir no sistema de proteção às mulheres.”
O Ministério Público do Trabalho também se manifestou. O órgão destacou o comprometimento de Vanessa com a divulgação e conscientização sobre direitos trabalhistas e justiça social.
“Neste momento de dor, manifestamos nossa solidariedade à família, amigos e colegas de Vanessa Ricarte. Que sua memória inspire a luta por um mundo mais justo e seguro para todas as mulheres.”