O Jardim Pantanal, na zona leste de São Paulo, amanheceu pelo terceiro dia com alagamentos, devido às fortes chuvas que atingem a cidade desde o fim de semana. A região, que sofre há décadas com enchentes, aguarda a entrega de um pôlder prometido pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) em 2023, mas que ainda não foi concluído.
A inundação tem afetado centenas de moradores, que enfrentam dificuldades para sair de casa e prejuízos com móveis e pertences perdidos. Em resposta à crise, a Prefeitura de São Paulo anunciou ações emergenciais, como a distribuição de cestas básicas, colchões, refeições e água potável, além do pagamento de um auxílio emergencial de R$ 1.000 para as famílias atingidas.
O vice-prefeito Ricardo Mello Araújo (PL) esteve na região e afirmou que todas as medidas necessárias estão sendo adotadas. “Estamos com toda a estrutura montada para atender a comunidade. As comportas do Rio Tietê estão sendo controladas e não serão abertas”, declarou. Segundo a Secretaria Municipal das Subprefeituras, só no último sábado (1º) foram distribuídas 1.550 refeições, 1.600 colchões e 570 cestas básicas.
Apesar das ações emergenciais, moradores relatam medo e incerteza. “Nunca aconteceu de ficar desse jeito. Eu espero uma solução definitiva, porque todo ano é a mesma coisa”, desabafou a dona de casa Tereza Gomes, moradora há 30 anos no bairro.
Atraso na entrega do pôlder do Jardin Pantanal
O pôlder do Jardim Pantanal foi prometido pela prefeitura em 2023, durante outra enchente na região, com previsão inicial de entrega em 150 dias e custo estimado de R$ 6 milhões. No entanto, quase dois anos depois, a obra ainda não foi finalizada.
A Secretaria Municipal das Subprefeituras informou que o pôlder está em fase final de implantação e deve entrar em operação em 45 dias. Além disso, a prefeitura anunciou um contrato para aumentar a capacidade de drenagem da região, com novas galerias pluviais e pavimentação em quase 100 ruas, cuja conclusão está prevista para os próximos 12 meses.
Por meio de nota, a gestão municipal justificou que a localização do Jardim Pantanal, próximo à lâmina d’água do Rio Tietê, dificulta o funcionamento pleno do sistema de drenagem durante períodos chuvosos. O prefeito Ricardo Nunes afirmou que a obra do pôlder está pronta, dependendo apenas da ligação de energia elétrica pela Enel.
Histórico de enchentes e desafios futuros
O Jardim Pantanal, localizado em uma área de várzea do Rio Tietê, sofre com enchentes há décadas. A ocupação irregular e o crescimento desordenado da cidade agravaram a situação, tornando o bairro um dos mais vulneráveis a alagamentos na capital paulista.
Em 2009, a região enfrentou uma das piores enchentes da história, com ruas alagadas por mais de 20 dias. Desde então, diferentes administrações municipais implementaram medidas paliativas, como a construção de barreiras e piscinões, sem resolver o problema de forma definitiva.
Além do pôlder, a prefeitura anunciou investimentos de R$ 400 milhões em obras de drenagem para minimizar os impactos das chuvas na região. No entanto, moradores temem que a remoção de famílias, defendida pelo prefeito como alternativa às grandes obras, se torne a principal estratégia do governo municipal.
Enquanto isso, as previsões climáticas indicam a continuidade das chuvas, aumentando a preocupação da população com novos alagamentos e a demora na entrega das soluções prometidas.