A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acelerou para 1,31% em fevereiro, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 12. Esse foi o maior avanço para o mês desde 2003 e o maior índice mensal desde março de 2022.
Com esse resultado, a inflação acumulada no ano chegou a 1,47%, enquanto o acumulado dos últimos 12 meses avançou para 5,06%. Esse percentual ultrapassa o teto da meta estabelecida pelo Banco Central, que busca manter a inflação dentro do intervalo entre 1,50% e 4,50% ao ano.
Principais fatores do IPCA
O aumento expressivo da inflação foi puxado principalmente pelos grupos de Educação, Habitação e Alimentação e bebidas, que registraram os seguintes aumentos:
- Educação: 4,70%, refletindo reajustes das mensalidades escolares;
- Habitação: 4,44%, impactado pelo aumento de 16,80% na energia elétrica residencial;
- Alimentação e bebidas: 0,70%, com destaque para a alta de produtos como ovos (+15,39%) e café moído (+10,77%).
A energia elétrica foi um dos principais fatores de impacto no mês, devido ao fim do desconto proporcionado pelo Bônus de Itaipu, aplicado em janeiro. Além disso, reajustes na taxa de água e esgoto em cidades como Campo Grande e Belo Horizonte também influenciaram o resultado.
Inflação de serviços e combustíveis seguem em alta
O setor de serviços, que tem grande peso na inflação, continuou subindo e registrou um acumulado de 5,32% em 12 meses. Esse segmento é especialmente observado pelo Banco Central, pois reflete a dinâmica do mercado de trabalho e o nível de consumo da população.
Já o grupo de Transportes subiu 0,61% em fevereiro, impulsionado pelo aumento dos combustíveis:
- Óleo diesel: +4,35%
- Etanol: +3,62%
- Gasolina: +2,78%
O gás veicular foi o único combustível que apresentou queda, com retração de 0,52%.
Perspectivas e impacto na economia
A inflação elevada reacende preocupações sobre os rumos da política monetária do país. A taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,25% ao ano, pode permanecer alta por mais tempo para conter a pressão inflacionária. Juros elevados desestimulam o consumo e o crédito, mas também dificultam o crescimento econômico.
Além do IPCA, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias de menor renda, subiu 1,48% no mês, acumulando 4,87% em 12 meses.
A trajetória da inflação nos próximos meses dependerá do comportamento dos preços administrados, da demanda interna e da condução da política econômica. Enquanto isso, consumidores seguem enfrentando aumento no custo de vida.