IPCA-15 tem deflação de 0,14% em agosto; energia puxa queda

O IPCA-15 ficou negativo em agosto e trouxe um respiro imediato ao bolso. A prévia da inflação recuou 0,14%, informou o IBGE. O movimento foi liderado pela conta de luz, após o crédito do Bônus de Itaipu nas faturas. Em 12 meses, a alta acumulada é de 4,95%. Além disso, o número veio menos negativo do que parte do mercado projetava, que esperava queda entre 0,19% e 0,22%.

Energia e alimentos aliviam o índice

A energia elétrica residencial caiu 4,93% e respondeu pela maior influência na deflação. Desse modo, o grupo Habitação recuou 1,13%. Ainda assim, segue ativa a bandeira vermelha patamar 2, que acrescenta R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos. Portanto, a conta de luz cedeu, mas não eliminou integralmente a pressão.

Ao mesmo tempo, Alimentação e bebidas caiu 0,53%. O alívio veio, sobretudo, da alimentação no domicílio, que recuou 1,02%. Manga, batata-inglesa, cebola e tomate ficaram mais baratos. Além disso, arroz e carnes também cederam, o que ajuda a compor um carrinho de compras menos pesado.

Transportes mudou de direção. Depois de subir 0,67% em julho, recuou 0,47% em agosto. As passagens aéreas caíram 2,59%. Além disso, automóvel novo caiu 1,32% e a gasolina recuou 1,14%. Entre os combustíveis, houve baixas adicionais em diesel, gás veicular e etanol. Assim, o custo de deslocamento também perdeu fôlego.

Pressões e perspectiva dos juros

Por outro lado, algumas pressões persistem. Despesas pessoais avançou 1,09% e teve o maior impacto positivo, puxado pelo reajuste dos jogos de azar vigente desde 9 de julho. Educação subiu 0,78%, com alta de 0,80% nos cursos regulares. Nesse conjunto, ensino superior aumentou 1,24% e ensino fundamental, 0,68%. Em Saúde e cuidados pessoais, a alta foi de 0,64%, influenciada por higiene pessoal (+1,07%) e planos de saúde (+0,51%), refletindo os reajustes autorizados pela ANS.

Apesar do alívio, economistas pedem cautela. Para Claudia Moreno (C6 Bank), o mercado de trabalho aquecido e a expectativa de câmbio mais depreciado mantêm o desafio de convergir à meta. Na mesma linha, Fabricio Voigt (Aware Investments) vê um alívio técnico e sazonal. Além disso, os efeitos das tarifas de 50% impostas por Donald Trump a produtos brasileiros ainda não aparecem nesta leitura e podem surgir entre o fim de setembro e outubro, a depender das medidas do governo.

Enquanto isso, o Boletim Focus reduziu a projeção de inflação de 2025 de 4,95% para 4,86%, ainda acima do teto da meta, de 4,5%. Portanto, a leitura predominante é de Selic estável nos próximos meses. Hoje, a taxa básica está em 15%. Em termos simples, o IPCA mede a variação de preços; já a Selic é o instrumento do Banco Central para controlar essa dinâmica.