As investigações da Polícia Federal indicam que Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS, recebia mensalmente até R$ 250 mil em propina. Segundo os investigadores, os valores vinham de um grupo que operava um esquema de descontos fraudulentos sobre aposentados e pensionistas. A Conafer, entidade conveniada ao instituto, aparecia como uma das principais responsáveis por autorizações falsificadas.
Stefanutto foi preso nesta quinta-feira durante a nova fase da operação que apura desvios no sistema previdenciário. Conforme documentos enviados ao Supremo Tribunal Federal, ele era visto como ponto-chave para manter o Acordo de Cooperação Técnica firmado em 2017. Assim, a estrutura seguiu ativa, apesar das denúncias acumuladas ao longo dos anos.
Os investigadores reuniram mensagens interceptadas, planilhas de operadores financeiros e ordens irregulares de repasse. Além disso, a PF encontrou pagamentos que passaram por empresas e até por uma pizzaria. Esse método servia, segundo os agentes, para esconder a origem dos valores destinados ao ex-presidente do instituto.
A polícia estima que mais de R$ 640 milhões tenham sido desviados via Conafer entre 2017 e 2023. Contudo, o montante total pode ser muito maior, já que outras entidades também são investigadas. O grupo usava falsificação de documentos, inserção de dados fraudulentos nos sistemas do INSS e empresas de fachada para movimentar o dinheiro público.
De acordo com a investigação, integrantes da Conafer abordavam aposentados com a justificativa de cancelar convênios.
Porém, as assinaturas coletadas eram usadas para autorizar novos descontos. O Jornal Nacional mostrou a prática em reportagem recente.
Outro investigado é Ahmed Mohamad Oliveira, ex-ministro da Previdência. Ele, que antes usava o nome José Carlos Oliveira, teria atuado como apoio institucional ao esquema. Segundo a PF, ele autorizou repasses irregulares e recebeu pagamentos indevidos enquanto ocupava cargos no INSS e, depois, no governo federal.
Os investigadores encontraram uma planilha com registro de R$ 100 mil destinados a “São Paulo Yasser”, apelido atribuído a Ahmed. Além disso, há mensagens de WhatsApp nas quais ele agradece valores enviados por Cícero Marcelino. Também foi localizada a autorização para repassar R$ 15,3 milhões à Conafer sem qualquer comprovação de filiação. Dessa forma, a entidade conseguiu ampliar o número de benefícios atingidos, passando de milhares para mais de 650 mil.
No total, a PF estima que o esquema envolvendo todas as entidades pode ter desviado cerca de R$ 6,3 bilhões. A operação desta quinta levou à prisão de nove pessoas, entre elas Stefanutto, ex-diretores do INSS e dirigentes ligados à Conafer e a outras organizações. As buscas continuam, e a polícia tenta identificar outras ramificações do grupo.
