O retorno de Gabriel Spalone ao Brasil, após ser extraditado da Argentina, reacendeu uma investigação que já movimentava os bastidores das autoridades financeiras. A chegada dele a Guarulhos, na última sexta-feira, marcou um avanço num caso que envolve a suspeita de desvio de R$ 146 milhões em um único dia. Apesar da gravidade das acusações, sua defesa insiste que ele jamais tentou fugir e que pretende colaborar com a Justiça.
Investigação aponta movimentação atípica e uso irregular do Pix indireto
Com mais de 819 mil seguidores no Instagram, Spalone se tornou conhecido nas redes sociais antes de aparecer no radar do Ministério Público de São Paulo. De acordo com a investigação, ele e outros dois suspeitos teriam usado credenciais de uma empresa que operava o chamado Pix indireto para realizar 607 transações em poucas horas, o que movimentou cerca de R$ 146,5 milhões. Embora parte da quantia tenha sido recuperada, o prejuízo estimado chega a R$ 39 milhões.
As autoridades afirmam que a prisão ocorreu em setembro, logo após o influenciador desembarcar no aeroporto de Buenos Aires. A ação envolveu a Polícia Federal e a Interpol, o que demonstra a dimensão internacional do caso. Posteriormente, Spalone foi entregue às autoridades brasileiras e levado ao Centro de Detenção Provisória de Guarulhos.
Segundo a denúncia, quase metade do dinheiro desviado — aproximadamente 48% — teria sido enviada a seis empresas cujas contas, ainda conforme o MP-SP, eram operadas pelo próprio influenciador. Ademais, a Justiça brasileira já havia negado um pedido anterior de revogação da prisão preventiva, citando risco à ordem pública e a suposta fuga ao país vizinho.
A defesa, no entanto, apresenta outra narrativa. O advogado Eduardo Maurício afirma que Spalone jamais teve intenção de se esconder. Ele destaca que o influenciador não contestou a extradição e que essa postura demonstra, segundo ele, “o desejo de contribuir para o esclarecimento dos fatos”. Para o defensor, a tese de fuga teria sido um “excesso interpretativo motivado pela pressão da mídia”.
Além disso, Spalone é sócio da Dubai Cash, uma instituição de pagamento registrada com capital social de R$ 5,3 milhões, sediada na zona oeste de São Paulo. A empresa passou a ser analisada com mais rigor após a operação que prendeu o influenciador.
O caso segue em andamento. O MP-SP ainda realiza diligências para rastrear a origem e o destino final de todas as transações. A defesa voltou a sinalizar que deve apresentar um novo pedido de revogação da prisão, reiterando que pretende comprovar a inocência do acusado.
