A inflação anual do Brasil deve ter alcançado seu nível mais alto em um ano em outubro, impulsionada pelo aumento dos preços de energia e carne decorrente de uma forte seca, conforme pesquisa da Reuters com economistas. O Banco Central do Brasil (BCB) deve elevar a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, para 11,25%, nesta quarta-feira, contrastando com os cortes de juros adotados em outras economias.
O índice de preços ao consumidor (IPCA), principal medida de inflação do país, deve ter registrado uma alta de 4,72% em comparação ao mesmo mês do ano passado, a maior desde outubro de 2023, segundo a mediana das estimativas de 18 economistas consultados entre 30 de outubro e 4 de novembro. Caso se confirme, será a primeira vez desde janeiro que a taxa em 12 meses supera a meta oficial de 3%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. A variação mensal esperada para outubro é de 0,53%, o maior índice desde fevereiro, que marcou 0,83%.
Pressões climáticas e cenário para 2025
Analistas do UBS indicaram que a energia elétrica foi o item que mais impactou a inflação mensal, com aumento de tarifas para consumidores residenciais, enquanto o preço de proteínas também subiu. Chuvas recentes trouxeram algum alívio para a produção agrícola e energética, mas a seca no Hemisfério Sul ainda não terminou, mantendo os preços pressionados.
Os especialistas destacam que a incerteza fiscal e a oscilação do real podem exigir novas elevações de juros. Analistas do Barclays preveem que o Banco Central pode continuar subindo a taxa básica até 12,75% no primeiro semestre de 2025, considerando a fraqueza do real, incertezas fiscais e o impacto do clima sobre a inflação. Os custos de bens e serviços importados também aumentaram este ano, impulsionados pela desvalorização de 16% do real, que reflete as preocupações dos investidores sobre o cenário orçamentário do país.A
Artigo traduzido de Reuters