A proposta do governo federal de aplicar um imposto mínimo sobre brasileiros com rendimentos mensais superiores a R$ 50 mil tem forte respaldo popular: segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira, 9, 76% dos entrevistados apoiam a medida. Ainda assim, grande parte da população acredita que a proposta pode enfrentar resistência no Congresso Nacional.
A pesquisa, realizada entre os dias 1º e 3 de abril com mais de 3 mil pessoas em 172 cidades, mostra que apenas 20% se dizem contrários à tributação dos mais ricos. O apoio se mantém estável em relação à sondagem de dezembro do ano passado, que já indicava 77% de aprovação.
A medida prevê uma cobrança mínima de imposto de renda para quem recebe a partir de R$ 600 mil ao ano — cerca de R$ 50 mil por mês. A alíquota será progressiva, chegando a até 10% para quem ultrapassa R$ 1,2 milhão de renda anual. A iniciativa busca equilibrar o sistema tributário, compensando a redução de impostos para as faixas de menor renda, e atingir principalmente quem vive de lucros e dividendos — rendimentos hoje isentos de imposto no Brasil.
Apesar do alto apoio, 49% dos entrevistados acreditam que o Congresso não aprovará a proposta, enquanto 47% se dizem otimistas quanto à viabilidade da medida.
Em paralelo, a isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, também proposta pelo governo, tem apoio de 70% da população. Esse ponto, no entanto, enfrenta menos resistência no Legislativo, embora 45% ainda duvidem da sua implementação.
A pesquisa também revela que 64% dos brasileiros afirmam ter algum grau de conhecimento sobre o projeto que pretende tributar grandes fortunas e ampliar a faixa de isenção para os mais pobres. O número representa um avanço em relação a dezembro, quando 53% declaravam saber do tema.
Há variações no apoio conforme o perfil dos entrevistados. A maior aprovação da taxação dos super-ricos ocorre entre pessoas com mais de 45 anos (80%) e aqueles com ensino superior. Já entre empresários e estudantes, o apoio é mais tímido, com 54% e 69%, respectivamente. Curiosamente, mesmo entre eleitores que avaliam positivamente o governo Lula, 47% acreditam que o Congresso deve rejeitar a medida.
A proposta de isenção até R$ 5 mil tem maior adesão entre os mais velhos (75% entre quem tem 60 anos ou mais) e entre os que possuem ensino superior completo (84%). O apoio também cresce entre faixas de renda mais elevadas, mesmo entre aqueles que não serão diretamente beneficiados.
As duas iniciativas — tanto a isenção para rendas mais baixas quanto o imposto mínimo para rendas altas — fazem parte do mesmo projeto apresentado pelo governo em março de 2025. O relator da proposta, deputado Arthur Lira (PP-AL), estuda uma alternativa baseada em um texto aprovado pela Câmara em 2021, que previa a taxação de dividendos e a redução do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ).