Impactos de Trump na economia do Brasil: riscos e desafios para o comércio exterior

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

A posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos reacendeu preocupações sobre os impactos de sua política comercial na economia global, incluindo o Brasil. Durante seu discurso de posse, o republicano reafirmou sua intenção de impor tarifas e impostos sobre outros países com o objetivo de fortalecer a economia americana.

Tarifas e balança comercial brasileira

A implementação de tarifas mais rígidas pelos EUA pode resultar na redução das exportações brasileiras para o país, afetando setores estratégicos como o metalúrgico e o siderúrgico. Segundo Otaviano Canuto, ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) e ex-vice-presidente do Banco Mundial, há indícios de que o Brasil pode ser alvo dessas restrições, algo que já ocorreu durante o primeiro mandato de Trump.

Além disso, a valorização do dólar impulsionada pela adoção dessas tarifas pode impactar ainda mais os exportadores brasileiros, reduzindo os ganhos do país no comércio internacional.

Em 2024, o Brasil atingiu um recorde de exportações para os EUA, superando os US$ 40 bilhões. Os principais produtos vendidos foram derivados da indústria de transformação, como ferro, aço, equipamentos aeronáuticos e celulose. No entanto, com a nova política comercial de Trump, esse desempenho pode ser comprometido, trazendo desafios para o saldo da balança comercial brasileira.

A política tarifária de Trump também pode provocar choques inflacionários nos EUA, levando o Federal Reserve (Fed) a manter as taxas de juros elevadas por mais tempo. Isso afetaria diretamente os investimentos globais, com maior fluxo de capitais para os EUA, o que poderia reduzir a entrada de investimentos estrangeiros no Brasil.

De acordo com Joelson Sampaio, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), o Brasil pode enfrentar dificuldades para atrair capital externo em um cenário de juros mais altos nos EUA, o que impactaria negativamente o câmbio e a economia nacional.

Impactos indiretos via China

Outro ponto de preocupação para o Brasil é o efeito indireto das tarifas americanas sobre a China, maior parceiro comercial do país. Em 2024, a China representou 28% das exportações brasileiras. Caso Trump intensifique as taxações sobre produtos chineses, isso pode desacelerar a economia do país asiático, reduzindo a demanda por commodities brasileiras, como soja e minério de ferro.

Esse cenário poderia provocar uma retração econômica global, afetando a balança comercial brasileira e aumentando as incertezas no comércio exterior.

Risco de guerra comercial

Economistas alertam que uma possível guerra comercial entre os EUA e seus parceiros pode trazer prejuízos generalizados. “Esse jogo de ação e retaliação leva a perdas para todos os envolvidos, mesmo que no curto prazo os Estados Unidos pareçam ganhar”, afirma Otaviano Canuto.

Diante desse cenário, o Brasil precisará buscar estratégias para diversificar seus mercados e reduzir a dependência dos EUA e da China, mitigando os riscos econômicos impostos pela nova política comercial de Trump.