Hugo Motta defende Congresso e rebate acusações após queda do IOF

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), quebrou o silêncio nesta segunda-feira, 30, após a votação que derrubou os decretos do governo federal sobre o aumento do IOF. Classificando como “fake” a narrativa de traição ao Planalto, o deputado rebateu críticas e afirmou que o Congresso agiu com responsabilidade ao barrar a medida.

Nas redes sociais, Motta disse que a decisão foi comunicada previamente ao governo. “Capitão que vê o barco indo em direção ao iceberg e não avisa não é leal, é cúmplice”, declarou em vídeo publicado pela manhã.

Além disso, o voltou a criticar o discurso de polarização política. Segundo ele, o Parlamento está cansado da lógica de “nós contra eles”.

“Quem alimenta isso, governa contra todos”, afirmou.

A derrubada dos decretos — que aumentavam o IOF sobre diversas operações financeiras — representou uma das derrotas mais expressivas do governo Lula no Congresso até aqui. A proposta passou na Câmara com 383 votos favoráveis e apenas 98 contrários, incluindo votos de partidos que integram a base do governo. No Senado, a aprovação ocorreu por meio de votação simbólica, articulada de última hora.

Para Motta, a reação do Congresso reflete uma insatisfação crescente com a política fiscal conduzida pelo Ministério da Fazenda. Embora tenha se reunido com o ministro Fernando Haddad, o deputado demonstrou publicamente que não concordava com os caminhos escolhidos.

“Se uma ideia for ruim para o Brasil, eu vou morder. Mas, se for boa, eu vou assoprar”, resumiu.

Apesar do gesto do Congresso, o governo agora estuda contestar a decisão no Supremo Tribunal Federal (STF). A Advocacia-Geral da União (AGU) foi acionada para avaliar se houve invasão de competências do Executivo. Caso a resposta seja positiva, o Planalto pode judicializar o caso.

Enquanto isso, Motta sustenta que a votação foi legítima e plural.

“Foram deputados da esquerda e da direita que rejeitaram um aumento de imposto. O IOF afeta toda a cadeia econômica. E o povo já não aguenta pagar mais”, disse.