Nos últimos dez anos, o Brasil conseguiu reduzir em 20,3% o número de homicídios. A queda, revelada no Atlas da Violência 2025, reflete avanços em segurança pública, mudanças sociais e até uma trégua entre facções. Ainda assim, o país segue entre os mais violentos do mundo, com desigualdades regionais marcantes.
Segundo o Atlas da Violência, produzido pelo Ipea e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o país registrou 45.747 homicídios em 2023. Em 2013, o número era de 57.396. Ou seja, houve uma redução expressiva. Quando comparado a 2017, ano mais violento da série histórica, a queda é ainda maior: 30,2%.
Mesmo com esse avanço, o Brasil continua em posição crítica no cenário global. A taxa atual é de 21,2 homicídios por 100 mil habitantes. Esse é o menor índice em 11 anos. No entanto, o país segue entre os 15 mais violentos do planeta, segundo dados da ONU.
No recorte estadual, 17 unidades da federação apresentaram queda nas taxas. Entre os destaques estão São Paulo, Minas Gerais e os estados da região Sul. Por outro lado, Amapá, Pernambuco e Rio de Janeiro caminharam no sentido oposto.
O Amapá teve aumento de 88% em uma década. Só entre 2022 e 2023, o salto foi de mais de 40%. Pernambuco registrou alta de 18% no período analisado.
Já no Rio, houve queda nos últimos anos, mas os homicídios voltaram a subir no último ano.
De acordo com o estudo, alguns fatores explicam essa redução. Entre eles estão o envelhecimento da população, a trégua entre facções criminosas e mudanças nas políticas públicas estaduais. Muitos estados abandonaram estratégias baseadas apenas em força policial. Em vez disso, passaram a investir em inteligência e prevenção.
Além disso, o envelhecimento populacional tem impacto direto.Regiões como Norte e Nordeste, que iniciam agora essa transição demográfica, tendem a seguir com a queda nos índices nos próximos anos.
Outro dado que preocupa está no perfil das vítimas. Quase metade dos homicídios em 2023 ocorreu entre jovens de 15 a 29 anos. Destes, 94% eram homens. A violência também é racializada. Entre negros, a taxa de homicídios foi de 28,9 por 100 mil. Já entre os demais, o índice foi de 10,6.
Apesar dos avanços, o Brasil ainda enfrenta um longo caminho para reduzir de forma consistente a violência. As melhorias são importantes, mas exigem continuidade e políticas públicas mais bem estruturadas.