O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira, 25 de fevereiro, que o Brasil tem condições de seguir aprimorando suas contas públicas, mas não deve fazer disso seu único foco. Para ele, o crescimento econômico é essencial para garantir um ajuste fiscal sustentável.
Durante um evento promovido pelo banco BTG Pactual, Haddad destacou que o governo pretende retomar sua agenda de reformas. Segundo ele, há várias propostas em tramitação no Congresso com potencial para impulsionar a economia.
“Minha avaliação continua a mesma: temos condições de continuar melhorando as contas públicas, mas não devemos nos concentrar apenas nisso”, afirmou o ministro.
Entre as medidas defendidas por Haddad, está a ampliação do acesso dos trabalhadores formais a empréstimos consignados com juros mais baixos, o que ele classificou como uma “revolução”. Além disso, ele pediu que o Congresso aprove um projeto que permita o uso do sistema de pagamentos instantâneos Pix como garantia para empréstimos com taxas reduzidas.
O ministro também ressaltou que, se a arrecadação pública atingir cerca de 19% do PIB e os gastos permanecerem em torno de 18%, o Brasil terá um horizonte fiscal sustentável, o que fortalecerá as reformas microeconômicas.
As declarações ocorrem em meio a uma queda acentuada na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo relatos da imprensa, aliados do governo têm criticado, em reuniões privadas, a condução da agenda econômica por Haddad.
Questionado sobre divergências internas, o ministro minimizou os atritos, dizendo que o debate dentro do governo é “normal”. Ele afirmou que há “mais convergências do que divergências” em relação à equipe de Lula, especialmente quando comparado ao início do mandato, há dois anos.
Haddad também defendeu o arcabouço fiscal aprovado em 2023, que estabelece uma meta de equilíbrio primário e limita o crescimento real dos gastos públicos. Ele ressaltou que diversas despesas foram incorporadas a esse novo modelo, incluindo a aprovação, no fim do ano passado, de uma regra que atrela o aumento do salário mínimo ao crescimento dos gastos totais do governo.