O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira, 2, que o governo pode rever o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), anunciado no mês passado. Ele também defendeu a necessidade de corrigir o que chamou de “distorções” no sistema tributário aplicado aos bancos.
Em conversa com jornalistas na porta do ministério, Haddad destacou que o ajuste no IOF deve ser tratado em conjunto com reformas estruturais, que garantam uma base fiscal mais estável no longo prazo. Segundo ele, não é possível seguir com medidas pontuais sem resolver o cenário de fundo.
“Se for para mexer no curto prazo, vamos mexer no longo prazo também”, declarou.
O ministro evitou antecipar detalhes sobre as mudanças no IOF ou nos tributos dos bancos, mas indicou que o governo está discutindo alternativas com o Congresso. O prazo para apresentar uma nova proposta – após a forte reação negativa do mercado – termina em dez dias.
“Há uma sintonia muito boa com o Congresso. Vamos apresentar algo que seja sustentável, sem paliativos”, afirmou.
A proposta de aumentar a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos bancos, que havia sido discutida no ano passado, não deve voltar à mesa, segundo Haddad. Ele explicou que a exigência de noventena para a entrada em vigor da medida inviabiliza sua aplicação neste momento.
Haddad defendeu ainda a revisão de benefícios fiscais, que somam cerca de R$ 800 bilhões, e reafirmou a necessidade de reformas mais profundas, incluindo mudanças nas regras de aposentadoria dos militares e no teto salarial do funcionalismo público.
“A Fazenda não pode perder a iniciativa. Se deixarmos a acomodação falar mais alto, não vamos avançar”, disse.
O aumento do IOF foi anunciado no final de maio para gerar uma arrecadação extra de R$ 20,5 bilhões em 2025 e R$ 41 bilhões em 2026, mas gerou forte reação negativa de empresários, investidores e até parlamentares da base aliada. Desde então, o governo tenta articular uma saída para evitar a derrubada do decreto pelo Congresso – algo que, até hoje, nunca aconteceu.