Governo perde o momento ideal para corte de gastos, e Galípolo assume BC com cenário de juros em alta

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

O governo federal enfrenta críticas internas por ter perdido o “timing” para anunciar medidas de corte de gastos e reforçar o arcabouço fiscal. Segundo assessores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o atraso no anúncio das ações econômicas, que deveria ter ocorrido logo após as eleições municipais, contribuiu para um cenário econômico menos favorável e pressionou o Banco Central a adotar uma postura mais conservadora em relação aos juros.

Consequências do atraso para o Governo Federal

O adiamento das medidas impactou diretamente a economia, especialmente no câmbio. O dólar apresentou forte valorização nas últimas semanas, o que pressionou a inflação e levou o Banco Central a intensificar o ciclo de alta da taxa Selic.

“Teve ruído demais, perdemos muito tempo para tomar uma decisão necessária. Agora, os juros devem seguir aumentando”, afirmou um assessor próximo ao Planalto.

Inicialmente, o governo esperava que o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, assumisse o cargo em janeiro com espaço para iniciar um ciclo de cortes na taxa de juros. No entanto, o cenário atual aponta para uma manutenção ou até um aumento dos juros no curto prazo.

Medidas fiscais em discussão

O presidente Lula se reúne nesta segunda-feira, 25, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para finalizar o pacote de medidas que será anunciado na terça-feira, 26. A principal proposta é enquadrar as despesas públicas nas regras fiscais, que limitam o aumento real dos gastos a um teto de 2,5%.

Economistas avaliam que o ajuste é necessário, mas criticam o foco apenas em reduzir o ritmo de crescimento das despesas, sem cortes efetivos nas despesas obrigatórias.

O atraso nas decisões fiscais também gerou desconforto dentro do governo e nos mercados. Segundo analistas, a demora em apresentar um pacote robusto pode ter reduzido a confiança na capacidade do governo de ajustar as contas públicas.

Com a expectativa de juros elevados, o custo do crédito e os investimentos podem ser afetados, dificultando ainda mais a recuperação econômica no início de 2025.

Enquanto as medidas aguardadas prometem disciplinar os gastos públicos, o desafio será reconquistar a confiança dos agentes econômicos e equilibrar o crescimento com o compromisso fiscal.