Governo Lula minimiza encerramento das operações do X no Brasil

O governo Lula (PT) reagiu com ceticismo ao anúncio da plataforma X (antigo Twitter) de encerrar suas operações no Brasil. Para membros do governo, a decisão de Elon Musk de fechar escritórios e demitir funcionários no país foi vista como uma tentativa de escapar de decisões judiciais brasileiras, em vez de uma consequência direta das ações do ministro do STF Alexandre de Moraes.

Estratégia previamente planejada

Fontes do governo sugerem que Musk já planejava essa retirada, usando as recentes decisões de Moraes como justificativa. Um ministro chegou a ironizar a decisão, destacando que a plataforma continua acessível aos usuários brasileiros, apesar do encerramento das operações locais.

A percepção no Palácio do Planalto é de que a plataforma vinha sendo pressionada a agir conforme as leis brasileiras, especialmente no combate à disseminação de discursos extremistas. A saída do Brasil seria uma forma de evitar sanções e manter as práticas atuais da rede social, que, segundo alguns membros do governo, protege a atuação de grupos extremistas.

Reação de membros do governo

Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário, foi um dos que criticou a decisão, afirmando que Musk transformou o X em uma “plataforma de proteção da atuação criminosa da extrema direita brasileira”. Já João Brant, secretário de Políticas Digitais da Secom, classificou a atitude da empresa como “patética”, acusando-a de ignorar ordens judiciais.

A decisão de Moraes, que ameaçou prender uma representante da plataforma por desobediência, teria sido o estopim para o encerramento das operações, mas membros do governo acreditam que isso serviu apenas como pretexto para uma decisão já planejada.

Contexto da saída

No dia 8 de agosto, Moraes ordenou que a plataforma bloqueasse sete contas, incluindo a do senador Marcos do Val (Podemos-ES), decisão que o X ainda não cumpriu, acumulando mais de R$ 300 mil em multas. A saída do X do Brasil complica a aplicação de sanções e o cumprimento de futuras ordens judiciais, mas a plataforma ainda enfrenta críticas pela sua alegada conivência com a disseminação de desinformação e discurso de ódio no país.