O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, do partido Novo, responsabilizou o governo federal pelo atraso na assinatura do acordo de reparação relacionado ao rompimento da barragem da Samarco, em Mariana, ocorrido em 2015. Durante uma agenda oficial na última segunda-feira, Zema reafirmou a proposta de R$ 100 bilhões feita pelas mineradoras e destacou que tanto ele quanto o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, concordam com o valor sugerido.
Zema enfatizou que a prolongada negociação, que já se estende por quase uma década, deve-se à resistência do governo federal em aceitar a proposta. Segundo ele, “Minas Gerais e Espírito Santo estão sendo prejudicados por esse atraso, enquanto o governo federal busca um valor maior.” Em sua fala, Zema questionou a eficácia de adiar a reparação em busca de um montante maior:
“O que vale mais? Dois hospitais prontos daqui a um ano ou 20 hospitais daqui a 50 anos? O que que vai salvar mais vidas? O que que Mariana produziu de benefício até hoje para a cidade? Nada.”
Movimento dos atingidos por barragens pede rejeição do acordo
Em contraponto à posição dos governadores, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) divulgou uma carta aberta em que solicita a rejeição da proposta apresentada pelas mineradoras Vale e BHP Billiton, no âmbito da Mesa da Repactuação Rio Doce.
No documento, o MAB defende a necessidade de um acordo que considere a reparação integral das vítimas, em vez de atender a interesses especulativos e imediatistas das empresas envolvidas. A carta foi encaminhada ao governo federal, e a entidade também solicitou uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Conforme o movimento, embora as empresas tenham proposto um valor estimado em R$ 100 bilhões, esse montante seria insuficiente para garantir a reparação completa das famílias afetadas. O MAB ainda argumenta que as empresas tentam transferir ao governo federal a responsabilidade de resolver os problemas não solucionados.
Até o momento, a Vale não se pronunciou sobre a questão. A reportagem também aguarda uma resposta da Advocacia-Geral da União (AGU).