O governo brasileiro intensificou a reação ao anúncio de tarifas de 50% sobre exportações nacionais aos Estados Unidos. Em nova carta oficial enviada nesta terça-feira, 15, assinada por Geraldo Alckmin e Mauro Vieira, o Planalto expressou “indignação” com a medida imposta pelo presidente Donald Trump e afirmou que ela compromete gravemente a parceria econômica entre os dois países.
Brasil ainda espera resposta de proposta feita em maio
No texto, endereçado ao secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ao representante comercial Jamieson Greer, o governo brasileiro também cobrou uma resposta à proposta confidencial enviada em maio com sugestões de negociação tarifária. Segundo o documento, os EUA ainda não se manifestaram.
“A imposição das tarifas terá impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias”, diz um dos trechos da carta. Ainda de acordo com o governo, o Brasil acumula um déficit comercial de quase 410 bilhões de dólares com os EUA nos últimos 15 anos — dados que, segundo o Itamaraty, provam que a balança é desfavorável ao lado brasileiro.
Apesar da tensão gerada pelo tarifaço, o governo Lula reforça que está disposto a dialogar e buscar “uma solução mutuamente aceitável” que preserve o comércio bilateral. A carta destaca que, desde abril, o Brasil tenta negociar alternativas de maneira contínua.
Até o momento, a gestão Trump não deu sinal oficial de que aceitará iniciar conversas. Na carta enviada ao Brasil na semana passada, o presidente americano alegou, sem apresentar dados concretos, que os EUA estariam em desvantagem na relação com o país sul-americano.
Com a tarifa prestes a entrar em vigor no dia 1º de agosto, setores econômicos brasileiros já sentem os reflexos da medida, como no caso da exportação de mel e aço. A expectativa é que novos embates comerciais se intensifiquem, especialmente se não houver avanço nas tratativas diplomáticas nas próximas semanas.