Governo brasileiro dividido sobre conclusão da Usina Nuclear Angra 3

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

O governo do Brasil enfrenta um impasse sobre a finalização da usina nuclear Angra 3, cuja construção se arrasta há quatro décadas. Enquanto o Ministério de Minas e Energia defende a conclusão do projeto, a equipe econômica sugere que a obra seja abandonada devido aos altos custos envolvidos.

A decisão cabe ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que adiou mais uma vez a deliberação sobre o tema. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que a questão será discutida na próxima reunião do conselho, ainda sem data definida.

Projeto paralisado há anos

A construção de Angra 3, localizada na cidade litorânea de Angra dos Reis, teve início na década de 1980, mas foi interrompida diversas vezes por falta de financiamento e, em 2015, devido a investigações de corrupção. Uma tentativa de retomada em 2022 não avançou.

O debate ocorre em meio aos esforços do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para posicionar o Brasil como referência em investimentos sustentáveis. O uso da energia nuclear divide opiniões: enquanto críticos argumentam que o país tem vantagens naturais em fontes renováveis, defensores apontam que a geração nuclear pode ser uma alternativa ao uso de termelétricas, que são mais poluentes e caras.

Impasse financeiro

Um estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estima que a conclusão da usina exigiria um aporte adicional de 23 bilhões de reais, além dos 12 bilhões já investidos. A Eletronuclear, estatal responsável pelo projeto, calcula que seriam necessários mais cinco anos de obras, além do período de licitação e mobilização do canteiro.

Por outro lado, cancelar definitivamente a construção também teria custos elevados. O BNDES estima que a paralisação geraria uma despesa de 21 bilhões de reais, incluindo multas e rescisões contratuais. No entanto, integrantes do Ministério da Fazenda avaliam que os gastos podem chegar a 30 bilhões de reais, além de possíveis impactos no preço da energia para os consumidores.

O ministro Alexandre Silveira é um dos principais defensores do projeto e já declarou que a usina não pode continuar inacabada. “Temos que concluir Angra 3”, afirmou em novembro, chamando a estrutura abandonada de “mausoléu”.

Enquanto isso, a Eletronuclear busca captar a maior parte dos recursos no mercado para evitar sobrecarga nos cofres públicos. Segundo o presidente da estatal, Raul Lycurgo Leite, a manutenção do canteiro de obras custa mais de 1 bilhão de reais por ano, o que reforça a necessidade de uma decisão definitiva.